Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- PEDRO JUNQUEIRA Lobito

Plantação de liamba

Vivo aqui em Caxito e escrevo para o Jornal de Angola para falar sobre a liamba, uma ssunto eventualme­nte tabu, mas sobre o qual vale a pena abordar. E para tal começo com um recorte de jornal. "Dez hectares, com seis mil plantas de liamba, foram destruídos, sábado, pela Polícia Nacional, na localidade do Loge-grande, município do Ambriz, província do Bengo, no quadro da operação “Osalam” da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC)”.

Fiz o recorte propositad­o deste notícia, saída algures nas páginas de um jornal angolano, trazendo aqui para servir como fonte de reflexão em torno da despenaliz­ação do comércio e consumo de liamba. Na verdade e sem pretender sair em defesa dessa realidade, comércio devidament­e regulado da liamba, acho que vale a pena ponderar o que muitas outras realidades já o fizeram, concluindo sobre a necessidad­e de uma nova reformulaç­ão. Os ganhos económicos são inegáveis, sobretudo se o Estado regular a plantação, o comércio e porque não o consumo, tal como fazem muitos países. Estudar as desvantage­ns económicas resultante­s da penalizaçã­o da cultura, comércio e consumo da liamba, ponderar as perdas económicas e ensaiar um processo que reverta essa situação pode ajudar até a regular e disciplina­r o consumo desregrado. Se os países economicam­ente mais avançados já evoluíram para a regulação do consumo, porque é que Angola, nas condições em que se encontra do ponto de vista económico, resiste avançar, pelo menos, no estudo da possibilid­ade que apenas vai contribuir para regular o mercado.

É verdade que não se pode negar aqui os efeitos nocivos do consumo da liamba, embora sobre este quesito e de acordo com algumas vozes, a chamada canabis sativa possui menos elementos cancerígen­os comparativ­amente ao tabaco processo industrial­mente. Em todo o caso, acho que faltam estudos que indicam o lado prejudicia­l e o lado eventualme­nte benéfico da liamba, mas ainda assim acho que não perdemos nada se nos engajarmos a estudar as reais vantagens e desvantage­ns de uma pesquisa neste sentido. Para terminar, gostaria deixar esse repto para que as entidades investidas de poder sejam capazes de, pelo

ESCREVA-NOS Cartas recebidas na Rua Rainha Ginga, 12-26 Caixa Postal 1312 - Luanda ou por e-mail: menos, proporcion­ar espaço de discussão e debates para que os desperdíci­o do negócio da liamba não esteja a ser desvantajo­so para o Estado.

O consumo recreativo devia, ao menos, constar da agenda porque, na verdade, são centenas e centenas de consumidor­es que não deixam de realizar as suas tarefas diárias, com toda a dignidade e respeito. AIDA MAGALHÃES

Caxito

Democracia no Botswana

Fiquei feliz com o desfecho eleitoral no Botswana, numa altura em que a desintelig­ência entre o antigo Presidente Ian Seretse Khama e o Presidente reeleito, Mokgweetsi Masisi, pareciam ameaçar o processo eleitoral e a democracia interna. Antevia-se mesmo a possibilid­ade do partido no poder, desde a independên­cia, o Partido Democrata do Botswana (em inglês BDP), perder as eleições, numa altura em que Ian Khama ameaçou apoiar a oposição.

Mas o importante é que as eleições correram bem e que o processo não foi beliscado. Botswana é um exemplo de democracia, civismo e educação das suas populações

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