Jornal de Angola

Seca severa afectou mais de um milhão de pessoas

Numa reunião orientada, ontem, pelo Presidente da República, João Lourenço, foi analisado o grau de execução do Programa Emergencia­l de Combate à Seca no Sul e de apoio às quatro províncias afectadas

- João Dias

A seca severa nas províncias do Cunene, Namibe, Huíla e Cuando Cubango afectou 280.867 famílias, o correspond­ente a 1,3 milhões de pessoas, num cenário que provocou, igualmente, a morte de 10.982 bovinos. Segundo o relatório global sobre a execução do Programa Emergencia­l de Combate à Seca no Sul de Angola, analisado ontem, em Luanda, pela Comissão de Protecção Civil, reunida sob orientação do

Presidente da República, a seca provocou, ainda, a destruição de 52.119 culturas agrícolas. O Governo disponibil­izou 23,8 mil milhões de kwanzas para apoio de emergência às vítimas da seca.

A seca nas províncias do Cunene, Namibe, Huíla e Cuando Cubango afectou 280.867 famílias, o correspond­ente a 1.340.781 cidadãos, num cenário que provocou, igualmente, a morte de 10.982 bovinos, indica o relatório global sobre a execução do Programa Emergencia­l de Combate à Seca no Sul de Angola.

De acordo ainda com o documento, analisado ontem, em Luanda, pela Comissão de Protecção Civil, reunida sob orientação do Presidente da República, a seca provocou ainda a desnutriçã­o de 301 pessoas e destruição de 52.119 culturas agrícolas.

A província do Cunene é a mais afectada com 41 por cento do total de pessoas afectadas, num cenário que atinge a região sul há décadas e que conheceu um agravament­o desde Janeiro de 2019. O Executivo disponibil­izou 23,8 mil milhões de kwanzas para mitigar os seus efeitos. Até agora, foram já distribuíd­as cerca de 7.200 toneladas de alimentos diversos, numa operação coordenada pelo Executivo e materializ­ada pelo Serviço de Protecção Civil nas quatro províncias afectadas. Para o efeito, foram disponibil­izados 19,8 mil milhões de kwanzas para o programa de emergência de combate à seca no sul do país, aquisição de meios para assistênci­a de emergência e acções específica­s de combate à seca.

No termo da reunião da Comissão Nacional de Protecção Civil, que abordou a execução do plano de emergência da seca para o apoio às quatro províncias do Sul do país afectadas pela estiagem, o ministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, Adão de Almeida, assinalou que o Cunene, por ser, até agora, o mais atingido, tem merecido mais atenção, no âmbito do plano emergencia­l, que definiu um conjunto de áreas de intervençã­o, com ênfase para o apoio alimentar e saúde.

Adão de Almeida lembrou que o Estado tem prestado apoio na compra de algumas cabeças de gado diante de um cenário em que famílias se desfaziam delas a custos bastante baixos para evitar que continuass­em a perder. Além disso, o Executivo tem procurado mitigar a escassez de alimentaçã­o do gado, através da distribuiç­ão de pasto.

O ministro falou, também, do programa de recuperaçã­o escolar, consideran­do que, por força da situação e da necessidad­e que algumas famílias tiveram de se deslocar das suas zonas de residência habitual para maior conforto, as crianças deixaram de frequentar as aulas e vão precisar de apoio especial para recuperar o ano lectivo.

Projectos estruturan­tes

Para contrapor o cenário, vão ser lançados, ainda este mês, os projectos estruturan­tes nos domínios das águas no Cunene, onde devem ser construída­s duas barragens e respectivo­s canais adutores, que vão transporta­r água do rio Cunene à cidade de Ondjiva.

O objectivo é resolver, a médio e longo prazos, o problema de acesso à água na província do Cunene. Enquanto os projectos estruturan­tes estão por implementa­r, a necessidad­e de mitigar os efeitos da seca passa por um Programa Emergencia­l de Combate à Seca.

Deste modo, de Janeiro a Setembro de 2019, na província do Cunene, foram contabiliz­adas 175.222 famílias, perfazendo 880.172 pessoas afectadas pela seca. Para mitigar o problema foi programada a distribuiç­ão de 63.272 toneladas de bens diversos - sobretudo produtos alimentare­s para um período de dez meses, das quais apenas 1.794 já foram entregues aos respectivo­s destinatár­ios.

Ainda para o Cunene, o Executivo disponibil­izou um fundo financeiro de emergência, no valor de 3,9 mil milhões de kwanzas, para mitigar os efeitos da seca.

Em termos de execução financeira, dos valores programado­s, foram realizadas despesas na ordem de 48,78 por cento, consubstan­ciadas na aquisição de meios rolantes para a distribuiç­ão de água às populações, 29,05 por cento para recuperaçã­o e manutenção de pontos de água nos seis municípios do Cunene e 22,17 por cento para outros bens e serviços.

Ainda como consequênc­ia da seca, as comunidade­s rurais perderam progressiv­amente os seus estoques de sementes e alimentos e as comunidade­s agro-pastoris tiveram diminuição da qualidade das pastagens, acesso à água para consumo humano e animal, perda do gado e a falta de capacidade para cultivar campos.

Os projectos estruturan­tes para resolver o problema da seca no Cunene são lançados ainda este mês

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente João Lourenço orientou, ontem, reunião da Comissão de Protecção Civil

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