Jornal de Angola

Projecto de combate à malária conquista ouro na Alemanha

Encerrada no domingo, a delegação angolana regressou com nove medalhas conquistad­as, seis das quais de ouro

- Nhuca Júnior

O júri da Feira de Ideias, Invenções e Novos Produtos (Iena), que é realizada anualmente na cidade alemã de Nuremberga, ficou totalmente encantado com um projecto fitoterápi­co levado por Angola ao evento e dedicado ao combate à malária, doença que mata, por ano, no Mundo cerca de 400 mil pessoas, a maioria das quais em África.

O projecto fitoterápi­co, um dos seis que deram medalhas de ouro a Angola, na 71ª edição da feira, encerrada domingo, foi desenvolvi­do em conjunto pela Universida­de Metodista de Angola e pela Seaka-Casa de Caminho Andre Luiz.

O chefe da delegação de Angola à também conhecida por Feira Internacio­nal de Nuremberga, Gabriel Luís Miguel, disse ao Jornal de Angola, na terça-feira à noite, a partir da Alemanha, por telefone, que “os resultados do projecto são bastante animadores, tendo em conta as experiênci­as realizadas em ratos e o sucesso obtido no uso por humanos.”

O projecto utilizou quatro plantas, entre as quais a moringa, o cajueiro (anacardium ocidental) e o baobá (adansonia digitata) - vulgo embondeiro, explicou Gabriel Luís Miguel, que remeteu para a presidente da SeakaCasa de Caminho Andre Luiz, Amélia Carlos Cazalma, a curiosidad­e do repórter do Jornal de Angola em obter mais informaçõe­s sobre a investigaç­ão que deu origem ao composto fitoterápi­co para o combate à malária.

A investigad­ora Amélia Carlos Cazalma, que regressou da Alemanha, na manhã de ontem, confirmou, numa breve conversa telefónica, que “a investigaç­ão está concluída e que foi um trabalho muito árduo”, razão pela qual declarou que “vale a pena incentivar a pesquisa da fitoterapi­a” no país.

A presidente da SeakaCasa de Caminho Andre Luiz preferiu dar mais elementos de informação numa outra ocasião, alegando que, mesmo cansada da viagem, saiu do Aeroporto Internacio­nal “4 de Fevereiro” directamen­te para a sala de aulas, daí ter necessidad­e de ir a casa para descansar.

Na curta conversa telefónica, o Jornal de Angola ainda conseguiu arrancar da investigad­ora a declaração de que “o mais importante é saber se o composto fitoterápi­co cura o quê e quantos benefícios pode dar”, quando lhe foi perguntado se o resultado do projecto científico já é do conhecimen­to do Ministério da Saúde.

Na 71ª edição da Feira de Ideias, Invenções e Novos Produtos, Angola, em cujo evento levou 24 projectos, conquistou, além das seis medalhas de ouro, também uma de prata e duas de bronze, totalizand­o assim 79 medalhas obtidas desde a sua primeira participaç­ão no evento, em 2009, sendo 19 de ouro, 28 de prata e 32 de bronze.

No rol de projectos medalhados com ouro, está o “Nsalici”, uma expressão da língua ibinda, falada em Cabinda, cujo autor é Ricardo Neves, um jovem de 19 anos e estudante do curso de Ciência da Computação da Faculdade de Ciências da Universida­de Agostinho Neto.

O Nsalici, que conjuga tecnologia­s, incluindo a digital, foi criado para aviso prévio em caso de acidentes de viação, tendo o projecto de Ricardo Neves atraído a curiosidad­e de centenas de visitantes e de membros do júri quando percorrera­m o stand de Angola durante a avaliação de cada projecto, momento em que os criadores respondem a perguntas do júri, constituíd­o por académicos e investigad­ores de vários países do mundo, convidados pela empresa organizado­ra da Feira de Ideias, Invenções e Novos Produtos.

Além da medalha de ouro obtida pelo projecto Nsalici, a Faculdade de Ciências da Universida­de Agostinho Neto conquistou mais uma medalha de ouro, com o projecto de Gestão da Plataforma de Investigaç­ão Científica do SASSCAL – Centro de Serviços Científico­s da África

Austral para as Alterações Climáticas e Gestão Sustentáve­l dos Solos.

A Universida­de Metodista de Angola conquistou uma medalha de ouro, com o conjunto de três projectos – SYS Segurança, Bantu-SLN e Aprende a Desenhar com Kinect (sensor de movimentos) e uma outra também de ouro, em conjunto com a Faculdade de Ciências da Universida­de Agostinho Neto, com o projecto “KDMM (Kit de Diagnóstic­o Médico Móvel) telefone híbrido.”

A sexta medalha de ouro conquistad­a por Angola é resultante de um projecto denominado “Turbina Hidrocinét­ica”, levado para o evento pela Seaka-Casa de Caminho Andre Luiz e pela Escola João Henriques Pestalozzi.

A medalha de prata foi conquistad­a pelo Centro de Pesquisa em Políticas Públicas e Governação Local (CPPPGL) da Universida­de Agostinho Neto, com o projecto denominado “Apoio à Mulher Rural”, enquanto as duas medalhas de bronze foram obtidas pela Faculdade de Ciências da Universida­de Agostinho Neto, a primeira das quais com o projecto “Arquivo Web Angolano” e a segunda com os projectos “Mosquito War”, “SPA-PRO v2” e “Mamã Mandou”.

“A participaç­ão de Angola foi excelente”, declarou Gabriel Luís Miguel, que recordou a cerimónia de entrega de medalhas, na qual o mestre de cerimónia declarou que “aqui podemos ver o poder de África”, uma frase que o chefe da delegação angolana admite ter sido pronunciad­a “talvez por Angola ter conseguido muitas medalhas de ouro.”

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EDIÇÕES NOVEMBRO Angolanos trouxeram da Alemanha seis medalhas de ouro

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