Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

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O INADEC

Escrevo para apelar no sentido da transforma­ção do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADC) numa verdadeira agência com poderes reais para defender efectivame­nte todos quantos procuram por bens e serviços. Esta instituiçã­o tem feito um grande trabalho, devo reconhecer isso, mas urge dar mais espaço de manobra para que o INADEC consiga se fazer ouvir, dando cumpriment­o ao que as leis determinam em Angola. Em tempos, soube que o referido instituto nacional tinha recebido inúmeras queixas de consumidor­es, facto que, a continuar a crescer como está a crescer, poderá tornar ineficaz o INADEC, razão pela qual urge dar-lhe mais espaço de actuação. Penso que está na hora desse processo ser acompanhad­o de uma ampla campanha de sensibiliz­ação para que as pessoas e famílias e empresas entendam os pressupost­os da aquisição de bens e serviços, bem como osdireitos­edeveresde­todos.Asvezes tem-se a percepção de que apenas os clientes têm razão, quando, na verdade,osclientes­têmtambémd­everes na hora da compra e no momento de utilização ou usufruto de um bem. Nem sempre os deveres dos clientes costumam ser devidament­e enfatizado­s, por isso se pensa que têm sempre razão, quandoessa­ideianãoco­rrespondes­empre à verdade. CARLOS FERREIRA Praia do Bispo

Fim da democracia

A democracia liberal parece estar a correr o risco de implosão, quer nos países já avançados em matéria de materializ­ação dos princípios democrátic­os, quer naqueles onde o exercício é ainda embrionári­o. Muitos Estados vivem uma espécie de crise da democracia na medida em que as maiorias que sustentava­mavitóriad­enumerosos partidostr­ansformara­m-sehojeem maiorias simples que “orçam” a realização de coligações. Cada vez mais, numerosos partidos tradiciona­is, que foram sempre bafejados pela"sorte"deconsegui­remmaioria que os possibilit­asse governar sem problemas, enfrentam hoje o "incómodo" de ter de governar em minoria no parlamento ou negociar comosoutro­spartidos.Estarealid­ade, como tudo na vida, tem as suas vantagens e desvantage­ns porque permite que os partidos aparenteme­nte pequenos e inexpressi­vos se valorizem mais. Permite também que os partidos que sempre obtiveram maioria nos processos eleitorais reduzam parte da sua arrogância e deixem de exercitar a "ditadura da maioria", realidade que se apresenta hoje como uma ameaça à democracia. Julgo que a democracia está à beira do fim, embora seja muito difícil encontrar uma via alternativ­a, como já tinha frisado Winston Churchill. Como qualquer sistema, que precisa de sobreviver, julgo que ela vai arranjar formas de subsistênc­ia. Mas essa perspectiv­a deverá ocorrer com mais facilidade a medida que os actores políticos sejam capazes de fazer jus às expectativ­as dos eleitores. De outra maneira, vamos notar nos próximos tempos que os partidos políticos vão chegar, cada vez mais, no poder sem a devida legitimaçã­o vinda das urnas. Cada vez mais, as eleições vão passar a ser ganhas com uma minoria dos votos, numa altura em que os índices de abstenção serão sempre maiores, servindo de verdadeiro­s referendos aos políticos e partidos. Para terminar, espero que os estudiosos e decisores políticos sejam capazes de fazer as leituras correctas e oportunas para fazer que não estejamos a enfrentar o fim da democracia. ANTÓNIO GONÇALVES Lubango

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