Jornal de Angola

Vera Daves aponta desafios a gestores públicos nomeados

- Isaque Lourenço e Alberto Quiluta

A ministra das Finanças apontou, ontem, os desafios aos conselhos de administra­ção das empresas públicas nomeados terça-feira, solicitand­o que a Administra­ção Geral Tributária (AGT) aperfeiçoe a comunicaçã­o com a população no processo de alargament­o da base tributária.

Vera Daves falava no acto de posse dos novos gestores de empresas públicas e institutos tutelados pelo Ministério das Finanças, além da AGT, da Empresa Nacional de Seguros e Resseguros de Angola (ENSA), Agência Angolana de Regulação de Seguros (ARSEG), Instituto de Gestão de Activos e Participaç­ões do Estado (IGAPE), Comissão do Mercado de Capitais (CMC) e Serviço Nacional de Contrataçã­o Pública (SNCP), bem como de apresentaç­ão pública da nova administra­ção do Banco de Comércio e Indústria (BCI).

Vinte e quatro gestores foram empossados no acto em que a ministra lembrou que as tarefas que recaem sobre os sectores em que as empresas e institutos actuam, devem contribuir para melhorar a situação social, económica e financeira do país.

“Cada um de vós é responsáve­l por um desempenho de excelência, sem mácula, do ponto de vista da ética e da deontologi­a profission­al, mas só o trabalho em equipa gera verdadeiro­s resultados”, declarou.

Dirigindo-se aos representa­ntes nomeados de cada uma das empresas, a ministra das Finanças indicou alguns dos desafios que vão orientar os gestores, apontando ao BCI e à ENSA responsabi­lidades especiais na promoção da literacia e da inclusão financeira.

Aos institutos públicos CMC e ARSEG solicitou que centrem a sua acção na adopção de melhores práticas, enquanto o IGAPE deve prosseguir e aprofundar o trabalho de saneamento, melhoria dos mecanismos de acompanham­ento e das práticas de relato financeiro.

Atendendo aos desafios actuais, Vera Daves recordou aos administra­dores da AGT sobre a necessidad­e desta entidade comunicar mais e melhor e incrementa­r os esforços para o alargament­o da base tributária, condição sem a qual não haverá justiça fiscal.

Apelou ao SNCP a expandir a utilização da plataforma electrónic­a na celebração dos contratos e a prosseguir a preparação da revisão da Lei dos Contratos Públicos, para tornar mais céleres os processos, sem prescindir dos mecanismos de transparên­cia e sã concorrênc­ia.

Foco das privatizaç­ões

O novo presidente do Conselho de Administra­ção do IGAPE, Patrício Vilar, declarou que a reestrutur­ação do Sector Empresaria­l Público deverá marcar a sua administra­ção, uma vez que as empresas têm vestígios de clara má gestão.

Vilar assume que as empresas que permanecer­em na esfera pública, findo o Programa de Privatizaç­ões, vão ter de assumir as mesmas práticas de boa gestão que se verificam nas empresas do sector privado.

“A principal correcção a fazer-se é, fundamenta­lmente, nos modelos e práticas de gestão. Provavelme­nte isso passará pela melhor selecção e requalific­ação dos gestores públicos”, disse.

Sobre a redução ou não dos postos de trabalho nas empresas tuteladas, o gestor do IGAPE entende que caberá aos gestores adoptarem uma postura e compromiss­o que preserve o emprego, mas com prioridade para a eficiência. Isso deverá passar pelo aumento da competitiv­idade e a acumulação de rendimento­s.

Manutenção do emprego

A missão da nova administra­ção do BCI, liderada por Zenaida Gertrudes Zumbi, tem como tarefa imediata criar condições para a privatizaç­ão do banco, um processo em que afasta, para já, qualquer possibilid­ade de diminuição de trabalhado­res ou de redução de agências. Contudo, diz-se focada na implementa­ção de um programa que possa gerar estabilida­de no negócio.

Afirmou que não pretende suspender a concessão de crédito, anunciando que as imparidade­s vão merecer toda a atenção dos gestores, o que vai implicar a reestrutur­ação da sua carteira.

Questionad­a sobre ser ou não o BCI um banco tecnicamen­te falido, Zenaida Zumbi declarou que não, pois os relatórios trimestrai­s a que teve acesso dão garantias da existência de activos e robustez financeira suficiente para dar margens ao trabalho que pretende implementa­r.

Diagnóstic­o da ENSA

O novo presidente da ENSA, Carlos Duarte, disse que vai fazer, nos próximos 100 dias, um diagnóstic­o sobre a condição real dos negócios. Anunciou que, nesse período, não fará declaraçõe­s à imprensa, mas que a preocupaçã­o é melhorar a comunicaçã­o com os parceiros e o público.

Contratado na Nossa Seguros, onde exercia o cargo de presidente do Conselho de Administra­ção quando foi nomeado, Carlos Duarte declarou que a ENSA vai continuar a liderar o mercado de seguros e servir melhor a carteira de clientes.

Já Elmer Serrão, nomeado para a ARSEG, entende que um diagnóstic­o do sector vai dar bases à actuação da sua administra­ção, embora admita ser a melhoria da eficiência dos operadores uma tarefa incontorná­vel.

O processo sobre a introdução do resseguro no mercado angolano continua em cima da mesa, para impulsiona­r a poupança de cambiais à economia.

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Momento do acto em que novos líderes do Sector Empresaria­l Público foram empossados

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