Impedir que aconteça para evitar as críticas
O Chefe de Estado recordou, recentemente, no acto de posse de um governante, a importância de reforçar a liberdade de informação, mas, em simultâneo, pugnar pelo bom nome das instituições, o que são evidências incontestáveis. A maioria dos angolanos tem a consciência da imprescindibilidade daquelas certezas numa democracia parlamentar, mesmo que ainda a dar os primeiros passos, como a nossa, feita da, e na, diversidade de opiniões, desde que emitidas dentro dos princípios da legalidade, acima de tudo, do bom senso, que a tornam, cada vez mais, fortalecida, ao invés de fazer dela algo de amorfo, afinado a uma só voz, demasiado sombrio, tenebroso, até, constituído por salamaleques, aparências, “améns” interesseiros e egoístas, que resultaram no país adiado que continuamos a ser. A liberdade de opinar, nunca é demais recordar, é fundamental na edificação de sociedades livres, nas quais as oportunidades, a todos os níveis, jamais sejam discriminatórias, pelo contrário, consigam saltar do legislado e de anúncios de intenções para a realidade do dia-a-dia. A liberdade de opinião permite o confronto de ideologias, quando as há - a ausência delas, revelada vezes sem conta, é das pechas da sociedade angolana -, por muito que uns tantos se arvorem em grandes defensores de princípios que não cumprem, quase sempre por os desconhecer, limitando-se a falar deles como papagaios. A liberdade de opinião, ao contrário do que alguns pensam, tem regras, não apenas as inscritas na lei mas, igualmente, insista-se, do bom senso, que evite avaliações e acusações infundadas, levianas, sejam de quem for em relação a quem quer que seja, indiferentemente dos alvos serem instituições, pessoas que as representem ou simples anónimos. O respeito pela privacidade e pelo bom nome faz parte das regras de sociabilidade. Ter constantemente presente, por exemplo, que um suspeito é apenas isso, “até trânsito em julgado”, impede exageros, que chegam a ser caluniosos. A verdade irrefutável, em abundância de ocasiões, é que são as instituições, bem como quem as representa, jurando servi-las, sem ser obrigados a tal, que se desrespeitam e desrespeitam. Quase sempre por continuar a haver quem se julgue acima de qualquer reparo, intocável. Por isso, como se diz na gíria, “põe-se a jeito”, torna-se alvo exposto pelo que fazem e não deviam fazer e deviam fazer e não fazem. De quem é a culpa? Aconselha o adágio que “quem não quer ser lobo não lhe veste a pele”. Ora, em democracia, como a que está a ser edificada no nosso país, as figuras públicas têm a obrigação de saber, antes de aceitarem funções, que estão sujeitos à crítica. Que não se podem enxofrar, deixarem-se possuir por fantasmas que os perseguem em campanhas tenebrosamente organizadas. Por todas estas razões, e uma série de outras, com frequência me vem à memória a máxima: “se não quer que noticiemos, não deixe que aconteça”. Inventada por um dos maiores profissionais de rádio que Angola conheceu. Chama-se - julgo que continua vivo - Paulo Cardoso, um português que, porventura, cansado do cinzentismo do regime de Salazar, um dia deixou Lisboa e rumou ao Brasil, onde, depressa se impôs. Com todo o saber e experiência acumulada, um dia aportou na Emissora Católica de Angola e arejou a forma de comunicar entre nós. Pego na tirada dele e, com vénia perante o talento que possuía, sugiro o mesmo. Mas, plagiando-o, acrescento: “impeçam também que suceda para evitar a crítica e não vejam nela fantasmas, antes forma de os prevenir para o que estão obrigados a fazer. Recordem-se sempre, como salientou, recentemente, o mais alto magistrado na Nação, que o povo não tem de agradecer o que recebe por direito.
A liberdade de opinião, ao contrário do que alguns pensam, tem regras, não apenas as inscritas na lei mas, igualmente, insista-se, do bom senso, que evite avaliações e acusações infundadas, levianas, sejam de quem for em relação a quem quer que seja, indiferentemente dos alvos serem instituições, pessoas que as representem ou simples anónimos