Antropóloga realça o património
A preservação do património cultural e arquitectónico nacional deve ser um desafio de todos os angolanos, como defendeu, ontem, em São Paulo, Brasil, a antropóloga Rosa Kuimbila, para quem ainda é preciso um maior trabalho de divulgação desta “riqueza”, que tem traços muito comuns com os de certos monumentos brasileiros.
A antropóloga chama a atenção, por isso, para um maior trabalho de investigação, de forma a existir um cruzamento de informações, capaz de dar mais detalhes sobre quanto da cultura angolana foi levada pelo tráfico de escravos a outros países.
Numa visita efectuada, ontem, ao Centro Histórico de São Paulo, pela delegação angolana que participa no Festival de Literatura (FES), Rosa Kuimbila destacou o estado de preservação de muito do património arquitectónico histórico da cidade, como o Edifício Martinelli e o Teatro Municipal, cujo número de visitas tornaramno num dos “cartões postais” de São Paulo.
“É preciso um maior reforço nas políticas de preservação dos bens patrimoniais nacionais, assim como é urgente a implementação de programas para a requalificação dos locais e monumentos históricos, não apenas no Centro Histórico de Luanda, ou o cadastramento das figuras históricas e a investigação das respectivas biografias”, disse.
Para o hoteleiro Francisco Paulino, outro dos membros da delegação angolana, é possível tirar maior proveito do acervo patrimonial de Luanda, para incentivar, também, o crescimento do turismo. “Mas para isso é preciso ser feito o restauro de muitos dos bens patrimoniais.”
Intercâmbio
O professor brasileiro Rodrigo de Oliveira considera o intercâmbio com os criadores angolanos uma oportunidade única de aproximação e fortalecimento dos laços entre os povos, através das artes e debates, cujo teor ajuda a conhecer melhor a actual realidade de Angola. “É uma boa forma de quebrar muitos dos mitos e mensagens distorcidas sobre o continente africano”, disse.
Para a professora de arte e pesquisadora Michele Lomba o intercâmbio está a permitir, acima de tudo, aprender mais sobre a cultura africana e ver os traços comuns com a afro-brasileira. “Já estou a pensar em regressar a Angola para fazer mais pesquisas sobre a diversidade cultural”, contou.
A especialista em Marketing Pessoal e professora de inglês Ana de Oliveira destacou o papel que projectos incorporativos como este podem ter, tendo em conta a economia criativa para sustentabilidade dos programas artísticos.
Memórias
Com 108 anos comemorados em Setembro deste ano, o Teatro Municipal de São Paulo é um dos grandes espaços culturais da cidade. Em 12 de Setembro de 1911, com a célebre ópera “Hamlet”, do dramaturgo Ambrósio Thomas, o local foi inaugurado e tornou-se, com o tempo, num dos mais belos da cidade de São Paulo.
O Edifício Martinelli é uma das referências do centro de São Paulo. A antiga moradia de Giuseppe Martinelli, tida como o “primeiro arranha-céu” de São Paulo, já foi usado como hotel, cinema e boate. O prédio, carinhosamente chamado pelos paulistanos de Martinelli, completou 90 anos em 2019.