Denunciados países que violam embargo de armas
O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai discutir, no final deste mês, um relatório agora divulgado pela France Press, no qual são denunciados os países que violaram o embargo de armas, tanto ao marechal rebelde Khalifa Haftar como ao Exército do Gov
A Jordânia, a Turquia e os Emirados Árabes Unidos violaram o embargo de armas imposto à Líbia, desde 2011, segundo um relatório confidencial da ONU, divulgado, sexta-feira, pela agência France Press.
“Os Emirados Árabes Unidos, a Jordânia e a Turquia forneceram armas regularmente para a Líbia, e por vezes de forma flagrante, sem grande esforço para esconder a sua procedência”, dizem os especialistas das Nações Unidas que produziram o relatório.
“O grupo de especialistas identificou vários actos que ameaçam a segurança, a paz e a estabilidade na Líbia”, conclui o documento.
Segundo os diplomatas que tiveram acesso ao relatório, a Jordânia é acusada de ter treinado tropas do marechal Khalifa Haftar, o homem forte da Líbia que lançou em Abril uma ofensiva militar para capturar Tripoli.
O relatório da ONU diz ainda que os Emirados Árabes Unidos, outro apoio do marechal Haftar, usaram aviões bombardeiros para benefício das suas tropas.
A Turquia, que apoiou abertamente o Governo do Primeiro-Ministro Fayez alSarraj, forneceu equipamentos para as suas tropas, usando veículos blindados e 'drones' (aparelhos aéreos não tripulados), segundo as mesmas fontes citadas no relatório.
“Ambos os lados receberam armas e equipamentos militares, em violação ao embargo de armas”, refere o relatório de especialistas da Organização das Nações Unidas, entregue a 29 de
Outubro aos países membros do Conselho de Segurança.
O documento, muito pormenorizado - contendo 85 páginas e mais de 300 páginas de anexos, com fotos, mapas e comprovativos de entregas de equipamento, deve ser discutido no final do mês pelos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, antes de ser tornado público, provavelmente em Dezembro.
Desde o início da ofensiva do marechal Haftar, uma “nova fase de instabilidade, combinada com os interesses de vários Estados e organizações não estatais, ampliou a disputa por procuração que se desenvolveu desde 2011”, denunciam os especialistas.
“As operações militares recorreram ao uso de munições guiadas por drones de precisão, que até certo ponto reduziram os danos colaterais esperados num conflito”, diz o relatório.
Resgate de clandestinos
A marinha da Líbia resgatou, quinta-feira, 126 migrantes clandestinos que se encontravam a bordo de uma embarcação, a cerca de 60 quilómetros, a leste de Tripoli, anunciaram as autoridades locais.
De acordo com o Gabinete de Informação da Marinha, os guardas costeiros receberam um apelo de socorro relativamente a um navio a bordo do qual estavam 126 migrantes clandestinos dos quais quatro mulheres e igual número de crianças.
Os migrantes, de diferentes nacionalidades subsarianas, foram entregues ao serviço encarregado da luta contra a migração clandestina, acrescentou a mesma fonte. Durante este período marcado por uma situação climática favorável, as tentativas de travessia do Mediterrâneo para a Europa multiplicam-se, a partir da Líbia, e as vítimas de afogamento aumentam igualmente.
Dois mil e 262 migrantes perderam a vida, na tentativa de atravessar o Mediterrâneo, em 2018, segundo dados fornecidos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). A porta-voz da Marinha da Líbia, Ayoub Qassem, negou, ontem, as acusações de organizações internacionais à Guarda Costeira da Líbia por serem causa de morte de migrantes no mar, noticiou a Prensa Latina.
O porta-voz enfatizou que essas acusações fazem parte da guerra travada por essas organizações contra a Marinha e a Guarda Costeira da Líbia para minar o sucesso na luta contra o fenómeno da imigração ilegal.
Enquanto isso, a SOS Méditerranée, uma organização europeia de resgate humanitário marítimo, pediu às autoridades europeias que estabelecessem um porto seguro para desembarcar 104 imigrantes ilegais resgatados na sexta-feira passada da costa da Líbia com o navio Ocean Viking.
A Guarda Costeira da Líbia propôs à tripulação do Ocean Viking o desembarque dos migrantes em Tripoli, mas a tripulação recusou, dizendo que, segundo a lei internacional, os portos deste país não são seguros.