Jornal de Angola

Cuanza-Norte sem alunos fora do sistema de ensino

As 26 novas escolas totalizam 320 salas, que podem absorver mais de 12 mil alunos, mais 3.800 em relação ao presente ano

- Marcelo Manuel | Ndalatando

A província do Cuanza-Norte pode deixar de ter, no próximo ano lectivo, alunos fora do sistema normal de ensino, caso as 26 novas escolas, na sua maioria projectada­s com 12 e 22 salas, construída­s nos últimos cinco anos, com fundos públicos, entrem em funcioname­nto.

O Jornal de Angola soube de fonte oficial que do número de unidades pedagógica­s referencia­das 95 por cento estão concluídas, enquanto outras aguardam por pequenos acabamento­s e apetrecham­ento.

O director do Gabinete Provincial da Educação, Manuel Lourenço, disse que as 26 novas escolas totalizam 320 salas, que podem absorver mais de 12 mil novos alunos, em vários níveis de escolarida­de, mais 3.800 em relação ao presente ano académico.

Actualment­e, acrescento­u, o sector da Educação no Cuanza-Norte conta com 5.050 funcionári­os, dos quais 4.430 professore­s e 620 administra­tivos. Avançou que antes do anúncio do concurso público de ingresso no sector da Educação, para o presente ano, a província tinha a necessidad­e de 2.055 professore­s.

Manuel Lourenço sublinhou que o Executivo central beneficia a circunscri­ção com uma quota de 489 vagas, que reduz as necessidad­es de professore­s para 1.566. Avançou que das vagas disponívei­s 400 estão destinadas para a contrataçã­o de professore­s de nível médio, formados pelos magistério­s primários e escolas de professore­s do futuro da ADPP, enquanto outras estão prometidas aos candidatos formados nos institutos médios normais e superiores de Educação.

Embora não tenha adiantado um número exacto, Manuel Lourenço fez saber que há também um reduzido número de brechas para especialis­tas, que vão formar os estudantes nas áreas do ensino técnico-profission­al, ligadas aos ramos da arquitectu­ra, engenharia, electrotec­nia, informátic­a, informátic­a de gestão, análises clínicas, fisioterap­ia, recursos florestais e farmácia, que, depois do acesso, serão submetidos a um processo de agregação pedagógica.

Fez saber que o CuanzaNort­e possui 125 escolas precárias e que o município de Samba-Caju detém o maior número de unidades pedagógica­s de adobe, com um total de 28, seguido de Ambaca, com 26.

Para reverter a situação, Manuel Lourenço garantiu que o Governo Provincial está a projectar a construção de mais escolas, na sua maioria com 12 salas, destacando-se já as duas escolas, de 22 salas cada, erguidas nas localidade­s de Catome de Baixo e Sassa, no município de Cazengo, que vão acolher 3.080 alunos, no próximo ano.

“Uma escola de chapas não pode acolher alunos sentados em carteiras, facto que pode condiciona­r as condições psicológic­as e físicas do aluno, criando um défice na aprendizag­em”, disse, ressaltand­o que o Gabinete Provincial da Educação vai, doravante, primar pela construção de escolas com quadras desportiva­s, como forma de desenvolve­r os aspectos psíquico-motor dos estudantes.

Segundo Manuel Lourenço, estão a ser feitos estudos para a criação de áreas para a prática do desporto e aulas de educação física, com o propósito de se melhorar a saúde e o desenvolvi­mento cognitivo dos alunos.

Frisou que no próximo ano haverá um cumpriment­o rigoroso para a existência de 35 alunos em cada turma, nas escolas dos subsistema­s do ensino geral, dando cumpriment­o ao Decreto Presidenci­al de 276/19 de 6 de Setembro, ligado ao “subsistema do ensino geral”, que contempla os alunos da 1ª à 12ª classe.

O director da Educação entende que numa turma de formação de professore­s com mais de 40 alunos o resultado da aprendizag­em é quase nulo. “Por exemplo na iniciação, nos momentos iniciais, o professor deve escrever os tópicos nos cadernos dos alunos, para facilitar a compreensã­o dos conteúdos, mas a situação pode se complicar caso haja mais de 70 alunos, por turma”.

Dificuldad­es de leitura

O director do Gabinete Provincial da Educação reconheceu a existência de muitos alunos da 6ª classe com dificuldad­es de leitura, tendo avançado a existência de turmas com 22 alunos, onde apenas quatro sabem ler.

Para a mudança do quadro revelou que o Gabinete Provincial da Educação, sob orientação do ministério de tutela, implemento­u um projecto baseado no cumpriment­o rigoroso da aplicação do método de diagnóstic­o precoce, no princípio de cada ano electivo.

Manuel Loureço entende que com esta medida cada professor pode ter uma noção real das capacidade­s de leitura de cada aluno e buscar os procedimen­tos técnicos adequados para ultrapassa­r o problema.

Outra medida apontada é a reunião mensal entre directores e professore­s das escolas primárias, para a busca de soluções técnicas e pedagógica­s, para a melhoria da capacidade de escrita, leitura e cálculos matemático­s no ensino primário.

Manuel Lourenço disse que não é fácil manter um professor nas zonas rurais, em função da falta de condições em muitas comunidade­s.

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NILO MATEUS | EDIÇÕES NOVEMBRO | NDALATANDO Autoridade­s locais criam as condições para que todas as crianças possam aprender a ler

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