Jornal de Angola

Pessoas com albinismo são “invisíveis” no Brasil

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A relatora independen­te das Nações Unidas para os direitos humanos das pessoas com albinismo, Iponwosa Ero, concluiu na semana passada uma visita de 12 dias ao Brasil, tendo constatado que essa população muitas vezes passa despercebi­da pelas políticas públicas. Destacou, no entanto, que com algumas acções de baixo custo, a situação pode melhorar significat­ivamente.

Entre os dias 28 de Outubro e 8 de Novembro, Ero teve encontros em Brasília (DF), Maceió (AL), Salvador e Ilha da Maré (BA) e São Paulo (SP), durante os quais reuniu-se com representa­ntes dos governos federal, estaduais e municipais, organizaçõ­es da sociedade civil, académicos, além de pessoas com albinismo e suas famílias.

De acordo com Ero, pessoas com albinismo ainda sofrem preconceit­o e estigma, o que pode dificultar o acesso a serviços básicos, como educação. Outro desafio que enfrentam é na área da saúde. O albinismo é uma condição genética não contagiosa, que pode provocar deficiênci­a visual e deixar as pessoas com pele muito vulnerável ao sol devido à ausência de melanina.

Para essas pessoas, o acesso a protector solar é de vital importânci­a, já que é a principal medida preventiva contra o cancro da pele.

Pessoas com albinismo são mil vezes mais susceptíve­is à doença do que a população em geral, segundo a especialis­ta. Ela explicou que em algumas áreas do país a expectativ­a de vida para esse grupo pode ser de apenas 33 anos, em função do câncer da pele, e destacou que a prevenção é relativame­nte simples.

No relatório elaborado após a visita, Iponwosa Ero destacou que o albinismo parece ser mais comum em populações rurais indígenas e afrodescen­dentes, incluindo entre comunidade­s afrodescen­dentes tradiciona­is (quilombos). Em algumas comunidade­s quilombola­s, a prevalênci­a de pessoas com albinismo pode chegar a seis pessoas para cada mil.

“Os países em desenvolvi­mento parecem ter uma maior taxa de prevalênci­a de pessoas com albinismo do que os países relativame­nte desenvolvi­dos. Este contexto socioeconó­mico tem sido uma grande barreira para avançar os direitos dessas pessoas globalment­e até agora”, afirmou.

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DR ONU defende políticas públicas para apoiar albinos no Brasil

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