Jornal de Angola

O regresso do conto mas sem a “magia”

Nesta nova fase da Disney, em que as histórias de animação começaram a ganhar um formato mais real, “Maléfica” não atingiu as expectativ­as e nem superou a produção anterior

- Adriano de Melo

Toda a história, em especial as baseadas em contos infantis, precisa ter uma “magia” própria, capaz de despertar o melhor das pessoas. “Maléfica: Mestre do Mal” procurou este encanto, mas acabou por se perder na narrativa, na introdução de seres mitológico­s e até mesmo na baixa performanc­e da protagonis­ta, Angelina Jolie. “Maléfica”, sequência do filme de 2014, que teve boas recepções críticas, merecia muito mais. A própria Disney, o estúdio detentor dos direitos de produção, já apresentou ao público criações bem inovadoras e com histórias incríveis, mesmo quando eram adaptações ou sequências. Talvez o principal erro do realizador Joachin Ronning tenham sido os inúmeros momentos de cenas óbvias ao longo do filme, que com o título de “Mestre do Mal” deveria explorar, bem, o suspense. Mas não são apenas estas as falhas. A “ponte”, entre o mundo real e o de fantasia, que a produção tenta explorar acaba por ser muito “débil”. Até mesmo os motivos que levam a separação entre humanos e fadas foram “ocos”. Nem mesmo o facto de ser um dos passos inovadores da Disney, de adaptar as histórias de animação para o formato real (live action), que já vimos, até agora, com “Aladdin” e “Dumbo”, alguns contos não têm conseguido “estar à altura” da versão animada original. Mas outros, como “Mogli” ou “Alice no País das maravilhas”, superaram. Um dos problemas talvez seja o facto de a história adaptada ser bastante conhecida da maioria do públicoalv­o, hoje mais moderno e exigente em relação ao de outrora. Para um filme de fantasia, “Maléfica” ficou muito aquém das expectativ­as, em especial depois de toda a publicidad­e em torno da produção. Ao longo do filme, o espectador fica mais preso as actuações de Angelina Jolie (Maléfica) e Michelle Pfeiffer (Rainha Ingris), que parecem disputar o “ceptro” de melhor desempenho, descurando papéis fundamenta­is, sobre os quais poderia ter sido melhor desenvolvi­da a história toda, como o de Harris Dickinson (o príncipe Philip), ou Ellen Fanning (a princesa Aurora), a quem recai todo o “futuro legado” da obra.

Apesar de trazer um ponto de vista muito fora do comum, o da “vilã protagonis­ta”, que mesmo a história mostrando-a como um ser cruel, consegue explicar as razões para ser assim, “Maléfica: Mestre do Mal” não conseguiu se impor acima da média. Para os fãs de Angelina Jolie com certeza é mais uma “obra-prima” da actriz. Mas a maioria vai acabar por ficar “desiludido” com esta sequência.

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DR Filme é mais focado na guerra entre as fadas e os humanos

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