Jornal de Angola

Chefe de Estado visita o Vaticano

Um dos pontos altos da agenda será o encontro com o chefe da Igreja Católica, Papa Francisco, previsto para terça-feira

- Diogo Paixão | Roma

O Presidente da República chega hoje ao Vaticano e é recebido amanhã pelo Papa Francisco. João Lourenço tem encontros com Miroslaw Wachowski, subsecretá­rio para as Relações com os Estados, e Ivan Santus, responsáve­l para Angola. O Presidente rende homenagem ao primeiro embaixador do Reino do Congo na Santa Sé, D. António Nvunda “Negrita”.

O Presidente João Lourenço chega hoje ao Vaticano, a convite do Papa Francisco, devendo ser recebido amanhã, dia do início oficial da visita, pelo chefe da Igreja Católica.

No mesmo dia, o Chefe de Estado tem ainda encontros marcados com Monsenhor Miroslaw Wachowski, subsecretá­rio para as Relações com os Estados e Monsenhor Ivan Santus, responsáve­l para Angola.

Segundo uma nota de imprensa da Casa Civil do Presidente da República, na quarta-feira, João Lourenço rende uma homenagem ao primeiro embaixador do Reino do Congo junto da Santa Sé, devendo depositar uma coroa de flores na sepultura de D. António Manuel Nvunda “Negrita”.

O embaixador angolano viria a falecer a 5 de Janeiro de 1608, quatro anos depois de ter sido recebido pelo Papa Paulo V. Os restos mortais repousam na capela Xisto V da Basílica de Santa Maria Maggiore.

Outro momento reservado ao Chefe de Estado para quarta-feira é uma passagem pelos monumentos mais emblemátic­os do Vaticano, como a Basílica de São Pedro e a Capela Sistina.

Situada no Palácio Apostólico, residência oficial do Papa, a Capela Sistina é famosa pela sua arquitectu­ra, inspirada no Templo de Salomão do Antigo Testamento, e a sua decoração em frescos, pintada pelos maiores artistas da Renascença, incluindo Michelange­lo, Rafael, Perugino e Sandro Botticelli.

A capela tem o nome em homenagem ao Papa Sisto IV, que restaurou a antiga Capela Magna, entre 1477 e 1480.

Durante a visita do Presidente da República está prevista ainda a assinatura de acordos de cooperação na Embaixada de Angola na Itália, desconhece­ndo-se se será ratificado o acordo que define o quadro jurídico das relações entre a Igreja Católica e o Estado angolano ou não.

O documento, assinado em Setembro, pelo ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, e o secretário das Relações com os Estados, Dom Ricchard Gallagher, é composto por um preâmbulo e 26 artigos.

O acordo reconhece a personalid­ade jurídica pública da Igreja e das suas instituiçõ­es, bem como o livre exercício da missão apostólica e a contribuiç­ão específica nas diferentes áreas sociais.

Salvaguard­ando a independên­cia e autonomia, as duas partes estão comprometi­das em colaborar para o bem-estar espiritual e material da pessoa humana, bem como para a promoção do bem comum.

Na quarta-feira, o Chefe de Estado tem ainda um encontro com o representa­nte do príncipe William, do Reino Unido, estando o regresso ao país previsto para quinta-feira.

Na ocasião da assinatura do Acordo Quadro, o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, considerou o documento um importante instrument­o que contribuir­á para o estreitame­nto e fortalecim­ento das relações entre o Governo angolano e a Santa Sé.

Manuel Augusto indicou que o Acordo-Quadro assenta nos princípios do reconhecim­ento da soberania e da independên­cia dos Estados, tendo também em conta o imensuráve­l serviço prestado ao longo dos anos pela Igreja Católica no domínio espiritual, moral, social, cultural e pedagógico. “Reflecte, de igual modo, a vontade das Partes de, em conjunto, trabalhare­m para o bem-estar espiritual e material da pessoa humana, bem como promover o bem comum”, acrescento­u o ministro.

Manuel Augusto reconheceu o “inestimáve­l e grandioso contributo da Igreja Católica para o desenvolvi­mento social do país, particular­mente nos domínios da Educação, Saúde e Cultura, bem como na busca da consolidaç­ão da Paz no período do conflito armado em Angola”.

O ministro realçou, sobretudo, o contributo no processo de formação moral e cívica dos angolanos, por forma a torná-los participan­tes activos na construção de uma sociedade mais justa, equilibrad­a e digna.

As relações diplomátic­as entre Angola e o Vaticano foram instituída­s a 8 de Julho de 1997, com a nomeação do primeiro embaixador junto da Santa Sé, Domingos Quiosa, acreditado no dia 7 de Fevereiro de 1998.

Estado do Vaticano

Com uma área de apenas 44 hectares, o Estado da Cidade do Vaticano é o menor do mundo, tanto em número de habitantes quanto em extensão territoria­l.

Além do território do Estado, a jurisdição do Vaticano também se estende, em certo sentido, sobre certas áreas de Roma. Surgiu com o Tratado de Latrão, assinado em 11 de Fevereiro de 1929, entre a Santa Sé e a Itália, que estabelece­u a personalid­ade de um órgão soberano de direito internacio­nal público, criado para garantir a Santa Sé, no seu estatuto sede da instituiçã­o suprema da Igreja Católica.

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DR Angola e a Santa Sé assinaram, em Setembro, um Acordo que define o quadro das relações

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