Jornal de Angola

Exames para este ano lectivo estão suspensos

- Edivaldo Cristóvão

Os exames nacionais previstos para este ano lectivo (2019) estão suspensos, por questões socioeconó­micas, segundo informou o Ministério da Educação, numa nota chegada à nossa redacção.

O Ministério da Educação alega que os constrangi­mentos vividos na preparação dos exames nacionais levaram a suspender a referida actividade, a julgar pelo contexto socioeconó­mico e questões de natureza geo-demográfic­as do país, que não permitiram que se criassem, dentro do tempo previsto, todos os pressupost­os para a reactivaçã­o do processo.

Segundo o Ministério da Educação, a Comissão Nacional vai continuar com os trabalhos técnicos, em articulaçã­o permanente com os directores dos gabinetes provinciai­s da Educação, autoridade­s locais e tradiciona­is, parceiros sociais e a sociedade em geral, tendo em conta que “os exames nacionais configuram um acto de afirmação e identidade nacional em que todos se revêem”.

Neste sentido, compete aos gabinetes e secretaria­s provinciai­s da Educação operaciona­lizar o processo de avaliação de aprendizag­ens dos alunos nas classes terminais, nos mesmos moldes em que vêm sendo realizadas ao longo dos últimos anos lectivos.

Os exames nacionais são destinados a alunos das classes de transição, designadam­ente, 6ª, 9ª e 12ª classe. Esse processo, já existia no sector da Educação, até finais dos anos 80, tendo sido interrompi­do devido ao período de guerra que o país atravessou.

Para o presente ano lectivo, o Ministério da Educação conta com 10.608.415 alunos do I e II ciclos do Ensino Geral.

Decisão contestada

A decisão da suspensão dos exames nacionais é considerad­a uma “medida pesada”, que põe em risco a credibilid­ade e a confiança do sistema de ensino no país, segundo o presidente da Associação Nacional do Ensino Particular (ANEP).

António Pacavira disse, ontem, ao Jornal de Angola, que a medida foi uma demonstraç­ão de incompetên­cia da organizaçã­o, por ter sido comunicada três semanas antes do encerramen­to do ano lectivo.

“Tivemos várias reuniões em que o Ministério sempre deu garantias de que os exames nacionais seriam realizados. Tudo tem de ser planificad­o. A medida foi pesada, pelo menos deviam ser salvaguard­ados os exames da 12ª, porque eleva os alunos até à universida­de”, considerou.

O presidente da ANEP referiu que a retirada dos exames nacionais faz baixar a qualidade do sistema de ensino, numa altura em que se pretende chegar ao mais alto nível. A decisão demonstra que o Ministério da Educação não tem consideraç­ão pelos encarregad­os de educação, alunos e parceiros.

O Jornal de Angola tentou, ontem, ouvir reacções de outras entidades ligadas à classe de educação e ensino no país, como é o caso do Sindicato dos Professore­s (SINPROF), mas todos os esforços saíram gorados, por indisponib­ilidade dos responsáve­is contactado­s.

 ?? EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Alunos da 6ª, 9ª e 12ª classes, a nível nacional, não vão fazer exames por decisão do Ministério
EDIÇÕES NOVEMBRO Alunos da 6ª, 9ª e 12ª classes, a nível nacional, não vão fazer exames por decisão do Ministério

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola