Ministra de Estado quer maior valorização da produção artística
A ministra de Estado para Área Social, Carolina Cerqueira, defendeu, sexta-feira, em Luanda, a constituição de uma indústria cinematográfica nacional que não dependa de fundos públicos.
Discursando na gala de entrega do Prémio Nacional de Cultura e Artes (PNCA), realizada no cine Tropical, em Luanda, na qual representou o Presidente da República, João Lourenço, Carolina Cerqueira reconheceu o esforço e empenho dos criadores nacionais.
“Apesar das várias vicissitudes e dificuldades que têm enfrentado no dia-adia, os artistas angolanos têm sabido honrar a nossa arte e nossa cultura, tanto dentro como fora do país. Por isso, vamos continuar a apoiar e impulsionar a divulgação e valorização das suas obras, no que diz respeito à criação de um mercado artístico e cultural”. disse a governante.
Quanto à atribuição pelo júri da categoria de teatro ao Festival Internacional do Cazenga, a ministra de Estado para Área Social questionou a falta de um espectáculo dramático com desempenho digno de premiação, diante dos dramaturgos e vários grupos e companhias de teatro, que se apresentam regularmente, quer em Luanda, quer em outras províncias do país, fazendo “com que o teatro seja um movimento artístico em grande expansão e de reconhecimento do nosso público.
Carolina Cerqueira incentivou o respeito e maior divulgação pela produção cultural e de toda criatividade artística feita no país, respeitando os direitos de autores e conexos do génio criador.
“O produto cultural angolano ganha, cada vez, mais espaço no mercado internacional fruto do empenho e dedicação dos artistas, que tudo têm feito em prol do enaltecimento de Angola” afirmou a ministra de Estado, acrescentando que “o contributo na valorização, divulgação e preservação da identidade cultural angolana tem sido uma mais-valia para a marca Angola.”
Justo reconhecimento
A presente edição do PNCA distinguiu sete criadores como reconhecimento ao trabalho desenvolvido ao longo dos anos. Entre os laureados destaca-se o escritor José Eduardo Agualusa, na categoria de literatura, pelo contributo para a projecção da letras angolanas no mundo, mais principalmente pelo extenso percurso criativo assente na investigação, na memoria histórica e no sentido estético das obras literárias, pela ousadia, reflexão, comportamento, causas sociais e permanente questionamento da verdade.
Após a recepção do galardão, José Eduardo Agualusa disse, ao Jornal de Angola, que de todos as distinções que já recebeu este é o que mais lhe deixou feliz.
“Ao longo dos 30 anos de carreira já ganhei vários prémios internacionais de literatura, mas este é o que me deu mais alegria. Este é o que me toca mais por se tratar de um prémio angolano e ser o mais importante reconhecimento do Governo angolano. Este prémio mostra que estamos num momento novo de aproximação e de novas aberturas em Angola. Estou muito comovido e muito feliz” disse.
Outra distinção de realce do prémio foi na categoria de música, atribuído, a título póstumo, a Teta Lando, como reconhecimento da obra do artista e compositor, resultado de um consenso alargado dada a trajectória artística.
Niny Teta Lando, filho do músico, agradeceu a distinção, acrescentando que o prémio não chegou tarde, é só mais uma consequência da produção artística de Teta Lando.
“O meu pai gostava muito de tirar do tradicional e pôr à luz do dia. Tinha o gesto e visão vanguardista, quando o clima era de guerra cantava a paz e quando era de paz ele cantava o regresso às terras de origens. Dizia, sobretudo, nas suas músicas, o sofrimento dos outros. Não é um reconhecimento tardio, a música tem este gesto muitas vezes não somos reconhecidos em vida, mas após a morte e estamos gratos pela iniciativa” frisou.
O galardão da categoria de Investigação Ciências Sociais e Humanas foi para a historiadora Constância Ceita, pela obra “O estranho vestido de um sertanejo na África Central e Austral”. O reconhecimento desta obra deve-se, sobretudo, a uma referencia científica e académica que prova a maturidade científica no geral e demonstra que foram critérios de muita qualidade e mérito.
“Estou muito emocionada e sinto-me muito honrada por ser a mais alta distinção que um Estado confere a um cidadão nacional. Foi uma pesquisa dolorosa e aprofundada, quer de terreno, quer documental a nível nacional e internacional, que resultou de trabalhos em História e Antropologia no contexto das relações operadas entre as sociedades angolana e portuguesa” disse Constância Ceita.
Foram, igualmente, galardoados na categoria de cinema, o realizador Dorivaldo Cortez, “pelo esforço que tem feita na produção de conteúdos cinematográficos”, o pintor Sebastião Joaquim Casule “Dom Sebas Casule”, pela “forte componente criativa da sua pintura e pelo seu desenho”. Na dança, o laureado foi o pesquisador António Domingos “Toni Mulato”, “pela dedicação às danças carnavalescas, principalmente, a cabecinha reconhecida como uma das poucas danças populares que mantém os traços culturais da angolanidade” e no teatro, a produtora Globo Dikulo, devido à “realização do Festival Internacional do Cazenga, que existe há 14 anos, fazendo que as artes dramáticas sejam um movimento artístico de grande expansão do nosso público”.