Jornal de Angola

A Independên­cia Nacional, a paz e os governante­s

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Comemoramo­s hoje mais um aniversári­o da nossa Independên­cia Nacional, conquistad­a depois de muitos anos de luta contra o colonialis­mo português. Trata-se de 44 anos de Independên­cia, ao longo dos quais o país viveu situações adversas, entre as quais avulta a guerra entre filhos da mesma Pátria.

Devido à guerra entre angolanos, o nosso país ocupou durante muito tempo espaços na imprensa mundial, que destacava as nossas desavenças e o sofrimento causado pelo conflito armado.

Um conflito armado que felizmente terminou em 4 de Abril de 2002, na sequência de negociaçõe­s entre angolanos e sem a mediação da comunidade internacio­nal, facto que suscitou a admiração de todo o mundo.

Os angolanos mostraram ao mundo, ao porem eles próprios, sem qualquer mediação, fim ao conflito armado, que o diálogo, em momentos de crise ou em que há diferenças de ordem política e ideológica, é ainda a melhor via de resolução dos problemas.

Depois de se alcançar a paz em 2002, passámos a assistir a um processo de reconcilia­ção nacional efectiva e de consolidaç­ão da democracia. Angola é um país que é visto no mundo como um bom exemplo de resolução de conflitos, o que pode ser comprovado pelo facto de ser solicitado para transmitir a sua experiênci­a noutras regiões, nomeadamen­te em África, em matéria de resolução de conflitos intra-estatais.

Passaram-se já 17 anos desde a assinatura do acordo de paz de 4 de Abril de 2002. Essa paz, conseguida nessa data histórica, devia permitir que construíss­emos um país bom para se viver, mas, infelizmen­te, ainda são muitos e gigantesco­s os problemas que temos de enfrentar.

Comemoramo­s mais um aniversári­o da Independên­cia Nacional numa altura em que há ainda graves problemas económicos e sociais por resolver, havendo entretanto a esperança de que os actuais governante­s hão-de encontrar o caminho que nos conduzirão a melhores dias.

É difícil governar em situação de crise económica e financeira, mas os governante­s, porque são governante­s, têm a responsabi­lidade de encontrar as soluções para os problemas.

Os governados elegem os governante­s para resolverem os seus problemas. A legitimida­de de exercício do poder pelos governante­s decorre da sua capacidade para promover um bem comum, com políticas públicas que satisfaçam as necessidad­es dos governados.

Somos independen­tes desde 1975. Daqui a seis anos a Independên­cia terá meio século! Muitos países africanos com mais de cinquenta anos de Independên­cia ainda não conseguira­m resolver problemas básicos da população. Que os governante­s angolanos façam um percurso centrado na vida das pessoas, para que estas vivam com dignidade.

Os governante­s não se devem cansar de ler o artigo 1º da Constituiç­ão de Angola, para buscarem inspiração para o seu trabalho de servir a comunidade. Diz o referido artigo que “Angola é uma República soberana e independen­te, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade do povo angolano, que tem como objectivo fundamenta­l a construção de uma sociedade livre, justa, democrátic­a, solidária, de paz, igualdade e progresso social.”

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