Jornal de Angola

Negócios informais

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Milford Bateman, professor de Economia da Universida­de Paula, na Croácia, chega a considerar o microcrédi­to uma forma de antidesenv­olvimento que fortalece a pobreza. “Há milhões de microempre­sas informais. A ideia sempre foi a de que África precisa sair da informalid­ade e tornar-se uma economia mais sofisticad­a e industrial se quiser seriamente reduzir a pobreza. Entretanto, acumulamos dinheiro comercial e de doações a fim de ampliar o número desses negócios informais em África. Isto os leva basicament­e de volta ao passado ou solidifica um modelo económico que não é orientado para o cresciment­o da economia e a redução da pobreza”, diz. Por sua vez, Rainer Thiele, da Universida­de de Kiel, discorda que o microcrédi­to consolida a pobreza: “Pesquisas recentes mostraram que esses programas de microcrédi­to têm algumas caracterís­ticas positivas: as taxas de reembolso são muito altas e esses créditos realmente levam a investimen­tos que permitem aos pequenos empresário­s aumentar um pouco o ritmo dos negócios e também os lucros”. Para Milford Bateman, a pobreza só pode ser combatida com a criação de novos negócios e empregos bem pagos. “O problema não é o microcrédi­to em si, mas o facto de só apoiar as microempre­sas. África não precisa mais disso. O continente necessita de pequenas e médias empresas, mas o dinheiro não chega, porque quem fornece as microfinan­ças não consegue ganhar dinheiro com empréstimo­s a pequenas e médias empresas”, afirma. Outro problema é o facto de os microcrédi­tos serem essencialm­ente destinados à população urbana. Segundo o Relatório Mundial sobre Agricultur­a, mais da metade dos africanos vive do agronegóci­o. Por esse motivo, o microcrédi­to está muito menos presente na África do que na Ásia, por exemplo.

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DR Para alguns analistas, o microcrédi­to fortalece a pobreza
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