Trump admite testemunhar por escrito
Comité da Câmara dos Representantes prossegue as audições públicas para “impeachment” do Chefe de Estado, acusado de pressão sobre o líder ucraniano para proveito próprio
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu, ontem, “considerar seriamente” a possibilidade de testemunhar por escrito no inquérito para a sua destituição, que decorre no Congresso. A presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, convidou, domingo, Donald Trump a testemunhar no Congresso.
A presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, reagiu às críticas do Presidente norteamericano sobre a forma como está a decorrer o processo da sua destituição convidando-o a testemunhar no inquérito.
“Se (Donald Trump) tem informações que o ilibam, estamos ansiosos para vêlas”, afirmou Pelosi numa entrevista divulgada domingo no programa “Face the Nation”, da CBS, propondo que o Presidente responda às questões por escrito, se preferir.
O Congresso norte-americano iniciou na semana passada as audições públicas do inquérito para a destituição de Donald Trump, ouvindo duas figuras relevantes do Departamento de Estado acerca de alegada pressão sobre um líder estrangeiro para proveito do Presidente norte-americano.
As audições públicas do processo de ‘impeachment’ estão a ser transmitidas em directo por vários canais televisivos norte-americanos, mas a Casa Branca já informou que o Presidente não está a assistir aos trabalhos no congresso, porque “está a trabalhar.”
Também o líder democrata do Senado, Chuck Schumer, considerou que o Presidente devia estar presente no inquérito, afirmando que, se Donald Trump não concorda com o que está a ouvir, não devia enviar mensagens pelo Twitter, mas sim testemunhar.
“Devia vir ao comité testemunhar sob juramento e permitir que aqueles que o rodeiam venham ao comité e testemunhem sob juramento”, disse, alegando que o facto de o Presidente impedir que os funcionários da Casa Branca testemunhem levanta suspeitas sobre o que podem estar a esconder.
O Comité de Investigação do Congresso vai iniciar a segunda semana de audições públicas, estando vários nomes importantes agendados, como Gordon Sondland, embaixador dos Estados Unidos na União Europeia.
Sondland confirmou em Outubro que o Presidente dos Estados Unidos queria que o Governo da Ucrânia investigasse o filho do rival e antigo
Vice-Presidente Joe Biden.
O ex-membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Tim Morrison, que se demitiu na véspera de testemunhar no congresso, disse aos investigadores que Trump e Sondland tinham discutido a Ucrânia em conversas telefónicas e referiu que os dois conversaram cinco vezes, entre 15 de Julho e 11 de Setembro, período em que os Estados Unidos suspenderam a ajuda militar à Ucrânia.
Os democratas suspeitam que Trump pressionou o seu homólogo ucraniano Zelensky, suspendendo uma ajuda militar, a inquirir a família Biden, que tem interesses no país do leste europeu. O testemunho de Morrison contradiz muito do que Sondland disse aos investigadores do Congresso durante o seu próprio depoimento à porta fechada, que o embaixador mais tarde alterou.
Trump garantiu, por seu lado, que não se lembra do telefonema e referiu que mal conhecia Sondland, um dos patrocinadores da sua campanha de 2016.