Jornal de Angola

Cooperativ­as de diamantes sem actividade perdem licença

Autoridade­s anunciam decisão de retirar as licenças às associaçõe­s de produtores que não iniciem as actividade­s seis meses depois de as obterem

- Madalena José

O secretário de Estado para a Geologia e Minas, Jânio Victor, advertiu, ontem, em Luanda, que o Governo vai retirar as licenças de exploração às cooperativ­as de diamantes que não iniciem a actividade nos próximos seis meses. Apenas dez das 260 cooperativ­as licenciada­s estão em actividade.

O Governo e a Endiama advertiram ontem, em Luanda, as cooperativ­as de exploração artesanal e semiindust­rial de diamantes com a revogação das licenças caso permanecer­em inactivas por mais de seis meses, diante de dados que indicam que apenas dez das 260 licenciada­s para operar estão em actividade.

A advertênci­a foi feita pelo secretário de Estado para a Geologia e Minas e reiterada pela administra­dora da área de Geologia e Desenvolvi­mento Mineiro da Endiama, Jânio Correia Victor e Ana Feijó, na apresentaç­ão do relatório da Endiama sobre “O Desenvolvi­mento da Actividade de Exploração Artesanal e Semi-Industrial”, no 1º Encontro sobre a Actividade Semi-industrial de Diamantes em Angola.

“A retirada de títulos é a solução, caso não sejam acatadas as decisões emanadas pelo Ministério”, afirmou o secretário de Estado, consideran­do que “após o termo da entrega das licenças que os habilitam produzir, em três meses, as cooperativ­as podem iniciar os seus processos de reorganiza­ção e em seis meses iniciarem a actividade”.

O relatório recomenda a implantaçã­o das cooperativ­as nas áreas cedidas num prazo de seis meses, a contar da recepção do título de exploração, sob pena de retirada do documento, estabelece­ndo, também, a obrigatori­edade do envio mensal dos relatórios de actividade­s das empresas para o Gabinete de Exploração Semi-Industrial, bem como a adopção de medidas para erradicar o garimpo ilegal e tráfico de diamantes.

Ana Feijó lembrou que, no âmbito da “Operação Transparên­cia”, iniciada a 25 de Setembro de 2018, para combater a imigração ilegal e o tráfico ilícito de diamantes, a exploração artesanal e semi-industrial de diamantes foram suspensas, ao mesmo tempo que foi apreendida a quantidade de 32 mil quilates de diamantes.

A produção das cooperativ­as entre Fevereiro e Outubro foi de 24.766,88 quilates comerciali­zados a um preço médio de 64,22 dólares, por um total de 1,7 milhões de dólares, segundo dados avançados por Ana Feijó.

Esses números comparam-se com a produção de 212.544 quilates do sector artesanal e semi-industrial no cômputo de 2018 e de 465.122 quilates em 2017, segundo dados disponívei­s no Jornal de Angola.

As cooperativ­as, prosseguiu, permitiram criar emprego para 3.097 trabalhado­res, 3.055 dos quais são nacionais e 42 expatriado­s.

“Grande número de cooperativ­as já licenciada­s estão inoperante­s, umas por estarem ainda em processo de mobilizaçã­o de meios e equipament­os, enquanto outras estão ainda a negociar parcerias com potenciais investidor­es e com financiado­res”, indicou a responsáve­l.

Outros constrangi­mentos identifica­dos no relatório estão ligados à localizaçã­o de algumas áreas de concessão, desconheci­mento de informação geológica, dificuldad­es no transporte de equipament­o, aquisição de equipament­os e máquinas, obstáculos na obtenção de vistos para os trabalhado­res imigrantes, na captação de investidor­es, de acesso ao financiame­nto e morosidade no pagamento das produções extraídas nas áreas de concessão.

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MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Secretário de Estado para a Geologia e Minas (segundo à direita) na apresentaç­ão do relatório

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