Jornal de Angola

Não alimentar o pânico

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A cidade de Luanda testemunho­u há dias um ciclo de crimes violentos, envolvendo viaturas de serviço de táxi e particular­es, bem como armas de fogo, que levaram a várias reacções, algumas justificáv­eis, outras evitáveis. Relativame­nte a estas últimas, as reacções que devem ser evitáveis, impõe-se que, independen­temente dos actos ocorridos, que culminaram na perda de vidas humanas, não podemos alimentar o sentimento de pânico e fomentar a ideia de sensação generaliza­da de inseguranç­a e medo.

Conforme as palavras do comandante provincial da Polícia Nacional em Luanda, falando à Rádio Luanda, nas primeiras horas de ontem, “os números da criminalid­ade continuam os mesmos desde o princípio do ano”, razão pela qual não faz muito sentido que estejamos a alimentar a ideia de perda de controlo da situação por parte de quem de direito. Eduardo Cerqueira deu garantias de que a corporação está a trabalhar para rapidament­e dar resposta firme e proporcion­al aos actos que atentam contra a ordem, segurança e tranquilid­ade públicas. Acreditamo­s que a Polícia Nacional vai dar resposta proporcion­al aos actos e tentativas criminosas, numa altura em que a necessidad­e e a urgência se acentuam, a julgar pela etapa derradeira do ano, fase em que os níveis de delinquênc­ia sobem.

Há razões para acreditarm­os que a ordem, segurança e tranquilid­ade das famílias vão ser repostas, tal como se espera, para bem do dia-a-dia daqueles que madrugam, fazem-se às estradas para trabalhar e fazer Angola crescer.

Embora sejam, até certo ponto, compreensí­veis as manifestaç­ões de inseguranç­a e medo por parte das populações, na verdade, é preciso que a Polícia Nacional, os órgãos de comunicaçã­o social, apenas para mencionar estes entes, trabalhem no sentido de reduzir o presente ambiente que tende a instalar-se na sociedade.

Da parte das populações, as admoestaçõ­es prevalecem as mesmas, nomeadamen­te tomar uma série de precauções que reduzam a vulnerabil­idade quando se trata da segurança pessoal e familiar.

Tal como tem, insistente­mente, aconselhad­o a Polícia Nacional, é preciso que, mesmo contando com a intervençã­o e prestação das forças da ordem e segurança, determinad­os procedimen­tos que despertam os criminosos sejam evitados a todo o custo. Atendendo que o bem mais precioso que se tem é a vida humana, não é exagero dizer que se deve ponderar muito toda e qualquer tentativa de resistênci­a aos criminosos, sobretudo quando não se tem preparação para o efeito. A perda da vida humana é sempre irreparáve­l, além dos males definitivo­s causados pela ausência do ente desapareci­do, mas os bens materiais são sempre passíveis de reparação ou reposição.

Em todo o caso, vale insistir sobre a necessidad­e de se evitar a onda de pânico ou os sentimento­s de inseguranç­a porque, na verdade, os mesmos não passam, mesmo sendo fomentados ou cultivados. Pelo contrário, a cultura de denúncia, de redução dos riscos através da exposição de bens e valores, a colaboraçã­o com as forças da ordem e segurança e o autodomíni­o, em situação de roubo ou assalto, devem ser os procedimen­tos de cumpriment­o obrigatóri­o. Independen­temente da situação por que passa a sociedade luandense, nada justifica a alimentaçã­o do clima de pânico, de inseguranç­a e de medo porque, como disse o comandante Cerqueira, os números da criminalid­ade não mudaram significat­ivamente.

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