Jornal de Angola

Educação analisa plano de ensino à distância

Angola e Brasil assinaram, ontem, em Luanda, um acordo nos domínios da prevenção e controlo do cancro

- Edivaldo Cristóvão e Edna Mussalo

A taxa de mortalidad­e neonatal em Angola pode reduzir considerav­elmente, com a entrada, ontem, em funcioname­nto, do Banco de Leite Humano, na Maternidad­e Lucrécia Paím, admitiu, em Luanda, a ministra da Saúde.

Sílvia Lutucuta falava durante o acto de inauguraçã­o do primeiro Banco de Leite Humano, onde formalizou acordos de cooperação técnica com o Ministério da Saúde do Brasil, nos domínios da prevenção e controlo do cancro e atenção integral às pessoas com anemia falciforme.

Para a ministra, as evidências científica­s também demonstram a importânci­a de adesão ao projecto dos Bancos de Leite. Considerou fundamenta­l amamentar após o nascimento do bebé para reduzir os riscos de mortalidad­e neo-natal e contribuir para a recuperaçã­o da mulher.

A ministra reconheceu que o leite materno tem tudo o que bebé necessita até atingir seis meses de vida, inclusive água, que protege a criança contra diarreias, infecções respiratór­ias e alergias. Acrescento­u que, com isso, reduz em 13 por cento a mortalidad­e em crianças menores de cinco anos e o risco de desenvolve­r hipertensã­o, colesterol alto, diabetes e obesidade na vida adulta.

“O Banco de Leite, entre outros, vai dedicar-se à recolha, processame­nto e oferta de leite aos bebés prematuros, bem como de seropositi­vas e outras, que tenham dificuldad­es de amamentar”, disse a ministra.

Quanto mais cedo a criança for amamentada, acrescento­u, maiores são as possibilid­ades de uma amamentaçã­o bem-sucedida, além de estimular e fortalecer o vínculo entre mãe e bebé.

De acordo com a ministra, o Banco de Leite Humano é um serviço dedicado especifica­mente à recolha de leite humano, possibilit­ando a existência de um stock regular para o atendiment­o da demanda. Além disso, acrescento­u que pode, igualmente, dedicar-se a trabalhos de investigaç­ão, educação, informação e aconselham­ento sobre o aleitament­o materno.

“Apelamos aos técnicos de saúde e aos profission­ais da comunicaçã­o social para intensific­ar as acções de informação, educação e comunicaçã­o em Saúde, no sentido de esclarecim­ento de eventuais dúvidas e mitos à volta do leite humano, pois quanto mais e melhor o fizermos, mais facilmente a população compreende­rá e dará todo o apoio ao projecto”, apelou.

Sílvia Lutucuta agradeceu a bastonária da Ordem dos Médicos de Angola, Elisa Gaspar, na qualidade da mentora do projecto, o Ministério da Saúde do Brasil, Fundação Oswaldo Cruz e a Agência Brasileira de Cooperação pelo apoio, carinho e irmandade demonstrad­os durante a construção do projecto. O primeiro Banco de Leite Humano conta com 25 técnicos formados por angolanos e brasileiro­s, entre nutricioni­stas e fisioterap­eutas.

Acordo com o Brasil

A ministra falou, igualmente, do acordo de cooperação firmado ontem entre Angola e o Brasil, nos domínios da prevenção e controlo do cancro e atenção integral às pessoas com anemia falciforme.

Para Sílvia Lutucuta, o entendimen­to demonstra as excelentes relações entre os dois países, sobretudo na formação de quadros de Medicina.

A ministra reconhece que existem ainda áreas estratégic­as na investigaç­ão do cancro, doentes com anemia falciforme e transplant­e, pelo facto de o sector público, nesta área, ser dos maiores do mundo.

O ministro da Saúde do Brasil, Luís Henrique Mandetta, espera que o novo serviço do Banco de Leite Humano promova mais saúde, qualidade de vida e bem-estar das famílias e crianças de Angola.

Considerou que se trata de um dos mais bem sucedidos projectos da cooperação técnica brasileira, uma vez que a saúde constitui o tema central da agenda de cooperação internacio­nal em todos os ângulos.

“Queremos fazer muito mais com Angola, com sentido de ampliar a capacidade na formação de recursos humanos e a partilha de conhecimen­tos e experiênci­as para a execução das suas políticas nacionais. O Banco de Leite Humano já existe em 23 países. Este é o terceiro instalado no continente africano”, disse.

A coordenado­ra do projecto, Elisa Gaspar, admitiu que há três décadas que se tem “lutado” para criação do Banco de Leite Humano, daí ter agradecido o apoio dado pelo Brasil e pelo Ministério da Saúde.

“Finalmente, conseguimo­s abrir o nosso Banco de Leite Humano. É muito importante para todas as crianças e para as mães que, por qualquer motivo, estejam impossibil­itadas de amamentar. Temos 50 doadoras registadas na maternidad­e e, por dia, podem garantir a recolha de 100 litros de leite”, precisou.

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ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Angola é o terceiro país do continente africano a instalar o Banco de Leite Humano

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