Programa de fumigação está paralisado por falta de dinheiro
O programa de fumigação na província do Cuando Cubango encontra-se paralisado em quase todos os municípios, por falta de dinheiro para a compra de sipemetrina e gasóleo, numa altura em que se assiste a uma multiplicação acentuada de insectos nocivos à saúde da população, com realce para os mosquitos e moscas.
Cristina Luísa, chefe de Departamento de Saúde Pública do Cuando Cubango, disse que o Ministério da Saúde, em 2017, entregou um kit completo de fumigação para cada município, mas actualmente as administrações do Cuchi, Cuito Cuanavale, Cuangar, Calai, Mavinga, Nancova, Dirico, Rivungo e Menongue alegam a falta de dinheiro para a realização de campanhas de fumigação.
Fez saber que a responsabilidade para fumigação extradomiciliar foi incumbida às administrações municipais e, nesta senda, a aquisição dos produtos para o efeito também é da inteira obrigação das mesmas, salvo raras vezes que Menongue efectuou a fumigação extra-domiciliar em zonas periféricas.
“Para além da fumigação, as administrações municipais têm ainda de levar a cabo campanhas de desinfestação de focos de reprodução de mosquitos nos charcos, lagoas amontoados de lixos e zelar pelo saneamento básico do meio nas comunidades e proceder à distribuição de mosquiteiros impregnados nas consultas pré-natal e a todas as crianças menores de um ano”, disse.
Em 2018, o Ministério da Saúde, com o apoio do Fundo Global, promoveu uma campanha de fumigação nos municípios fronteiriços do Cuangar, Calai, Dirico e Rivungo, por serem zonas consideradas mais endémicas a nível da província do Cuando Cubango.
Doenças Negligenciadas
De Janeiro a Setembro do ano em curso, os municípios de Menongue, Cuangar e Rivungo registaram 620 casos de schistosomíase, doença em que o paciente produz urina misturada com sangue, sem causar vítimas mortais.
Foram ainda diagnosticados cinco casos de oncocercose e três de filariose linfática (elefantíase), no município de Menongue.
Cristina Luísa fez saber que as Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) ocupam o segundo lugar, em termos de morbilidade, nas estatísticas internacionais e nacionais de saúde, visto que são responsáveis pela morte progressiva, devido à incapacidade ou estigma dos indivíduos, provocando um impacto social e económico sobre as famílias e à economia dos países.
No período em análise 448 pessoas foram mordidas por animais vadios, cinco das quais morreram. Três das vítimas eram menores de cinco anos de idade e dois adolescentes de 14 anos, todos eles do município de Menongue.