Netbol dá passos tímidos no país
Prática da modalidade é vítima de negligência e alguma falta de sensibilidade de quem dirige o fenómeno desportivo no país
Por volta de 2004, os treinadores de basquetebol, Apolinário Paquete e António da Luz, fruto de observações feitas em participações de Angola em Jogos da SADC, contactaram Victor Gregório, professor de Educação Física e técnico de andebol e basquetebol, a quem propuseram atenção a uma modalidade com presença habitual na reunião desportiva regional, mas que Angola desconhecia. Era a génese do Netbol em Angola.
O objectivo era avaliar as probabilidades da implementação da sua prática no país, dado o excelente desempenho das equipas angolanas de andebol e de basquetebol no cenário continental.
Vítor Gregório recebeu deles as primeiras informações e lançou-se à pesquisa. Em 2006, Angola ia participar nos Jogos da SADC, em Windoek, Namíbia, e o treinador foi convidado por Victor Geovety Barros, director nacional dos Desportos à época, a formar uma equipa para representar o país no evento regional.
Angola jogou e desta participação há memórias próprias de uma primeira vez. As goleadas em todas as partidas. “Treinávamos entre nós, sem o rigor pré-competitivo. Nos treinos fui deixando passar algumas coisas. Na competição a realidade era outra. Apanhámos pancada, embora, nos últimos jogos, tenhamos começado a dar conta do recado. Não ficámos desencorajados, tentámos dar continuidade ao trabalho, mas não fomos para frente”.
Neste momento o treinador trabalha já com uma terceira geração de netbolistas. Angola teve ao menos quatro participações em torneios internacionais. O último foi o da Sarpcco, realizado em Luanda.
Neste torneio, o conjunto angolano não conseguiu qualquer vitória. Todavia, Víctor Gregório ficou satisfeito com as performances da equipa. “Agora já jogamos netbol. Conseguimos fazer resultados equilibrados, inclusive marcamos 29 golos à Zâmbia, que foi campeã”, comentou.
Falta de treinadores
Desde que se envolveu no auto-didactismo Victor Gregório, treinador que tem dirigido as representações angolanas do netbol, colheu experiências com colegas da Zâmbia, Namíbia, Zimbabwe.
A primeira formação específica para o treinamento do netbol foi adquirida em Luanda, no âmbito dos Jogos da SADC, realizados no país em 2015.
Naqueles jogos, apesar de acolher, Angola não inscreveu o netbol, mas a região levou a cabo uma acção de formação em Luanda, da qual tomaram parte, além de Víctor Gregório, outros dois treinadores.
“Foi muito bom. Antes trabalhava com base nos conhecimentos que temos sobre treinamento do andebol e basquetebol, mas a partir desta data temos trabalhado já de acordo com aquilo que aprendemos. Demos um salto qualitativo. Nos últimos Jogos da Sarpco conseguimos marcar
29 golos à Zambia, o que era impensável”, destaca o treinador.