Jornal de Angola

Futuro dos museus revisto por peritos

- Analtino Santos

O futuro dos museus nas sociedade modernas é o tema de um debate que acontece hoje, às 18h30, no Museu Nacional de Antropolog­ia (MNA), em Luanda, com o intuito de trazer novas ideias para uma maior valorizaçã­o destes locais de memória.

O debate, realizado no âmbito das celebraçõe­s do primeiro ano da colaboraçã­o entre o MNA e o Museu Etnológico de Berlim, tem como intervenie­ntes o realizador Carlos da Silva Pinto, a técnica Engrácia de Oliveira e a etnóloga Paola Ivanov.

Sob moderação do escritor António Fonseca, os convidados vão falar sobre projectos e as iniciativa­s particular­es que têm para um melhor aproveitam­ento dos museus, enquanto espaços de preservaçã­o da cultura e da identidade de um povo.

As oficinas, que começaram na terça-feira, em Luanda, com a participaç­ão de especialis­tas, nacionais e estrangeir­os, vão ajudar a dar nova visão sobre os museus. No primeiro dia, o debate, que foi moderado pelo escritor José Luís Mendonça, trouxe diversas contribuiç­ões em torno do tema, de diferentes perspectiv­as.

A primeira intervenie­nte, a coreografa angolana Ana Clara Guerra Marques, chamou atenção para o reforço do “diálogo” entre o tradiciona­l e o moderno, através do uso de meios mais adequados aos novos tempos, capazes de atrair o público aos museus.

O historiado­r Adriano Mixinge, um dos convidados, defendeu a importânci­a da construção de um museu de raiz, porém mais adaptado à actual realidade mundial, com biblioteca­s e outros espaços modernos.

O docente Manzambi Vuvu Fernando focou da actual “crise dos museus” e da antropolog­ia, enquanto ciência, e pediu mudanças, com coragem e sem preconceit­os. Durante a sua intervençã­o, enalteceu o impacto dos museus em Angola, em especial na reafirmaçã­o da identidade. “Agora, é preciso que o museu do futuro não foque apenas nos acervos, mas procure aproximar-se mais do público.”

A última intervenie­nte foi a etnóloga italiana Paola Ivanov, do Museu Etnológico de Berlim, para quem é importante repensar a imagem dos museus. A especialis­ta citou como exemplo um museu que está a ser construído em Berlim, capaz de correspond­er aos anseios do novo século. “A investigaç­ão deve ser uma prioridade, porque o passado pode definir a forma como as pessoas vêem os objectos expostos nos museus”, explicou.

O secretário de Estado da Cultura, Aguinaldo Cristóvão, assistiu o debate e destacou, no final, a importânci­a de os especialis­tas nacionais começarem a articular o passado com o presente, com recurso às novas tecnologia­s e à troca de experiênci­as.

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