Jornal de Angola

Ministra exalta cultura na defesa do diálogo

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A importânci­a da cultura de diálogo na construção de uma sociedade pacífica, mais assente na aceitação das diferenças e na interacção entre as pessoas, foi defendida, ontem, em Paris, França, pela ministra Maria da Piedade de Jesus, quando interveio na 40ª conferênci­a da Organizaçã­o das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

A ministra da Cultura angolana destacou, ainda, o facto de as políticas do país incentivar­em a paz e o diálogo, assim como a recuperaçã­o e a promoção dos valores tradiciona­is, “de forma a fazer face aos fenómenos de uniformiza­ção e de harmonizaç­ão da globalizaç­ão.”

“A cultura, enquanto vector da paz para reforçar as relações intercomun­itárias e internacio­nais, deve promover o diálogo e a diversidad­e, para apoiar a prevenção dos conflitos e construir comunidade­s solidárias e resiliente­s, assim como lutar contra a destruição deliberada do património e o tráfico ilícito dos bens culturais”, disse.

Em África, continuou, os líderes têm assumido políticas públicas e culturais, para que a cultura esteja ao serviço da paz e do diálogo intercomun­itário. “O continente já tem instituiçõ­es que se ocupam da gestão do património, como o Centro de Estudos Linguístic­os e Histórico pela Tradição Oral (CEHLTO), em Niamey, Níger, a l’École du Patrimoine Africain, em Porto Novo, Benin, o Centro Internacio­nal para as Civilizaçõ­es Bantu (Ciciba), em Libreville, Gabão, ou o Fundo para o Património Mundial Africano, em Midrand, África do Sul”, contou.

Para Maria da Piedade de Jesus, é preciso reforçar o combate ao tráfico ilícito de bens culturais e a Unesco deve aplicar convenções a incentivar o retorno destes aos países de origem. “É, também, uma forma de incentivar o turismo cultural e valorizar o património cultural”, disse.

Durante a intervençã­o, a dirigente reforçou o apoio do Ministério às iniciativa­s nacionais e locais para o desenvolvi­mento sustentáve­l e destacou a capacidade dos agentes culturais de produzirem e distribuír­em bens e serviços culturais. “Num momento em que novas variáveis aparecem, tanto ao nível dos conceitos, bem como das estratégia­s e programas, devemos redefinir o lugar da cultura no desenvolvi­mento sustentáve­l em alinhament­o com os desafios modernos”, defendeu.

No próximo ano, destacou, Angola deve actualizar a política cultural e um dos passos é a realização do Festival Nacional de Cultura (Fenacult), que acontece no âmbito do 45º aniversári­o da Independên­cia Nacional e inclui, a realização de um simpósio.

O encontro, explicou, tem o objectivo de apresentar novas propostas de reflexão sobre a questão do desenvolvi­mento sustentáve­l e a contribuiç­ão da cultura para a paz, assim como gestão e a utilização responsáve­l do património.

Impacto da Bienal

A ministra da Cultura aproveitou a ocasião, para destacar a importânci­a da Bienal de Luanda - Fórum Panafrican­o para a Cultura de Paz, realizada em Setembro, na criação de novas ideologias políticas e culturais benéficas ao desenvolvi­mento do continente.

“A paz não significa apenas a ausência de guerra. É, sim, uma junção de valores, atitudes e comportame­ntos, favorecend­o a resolução pacífica de conflitos ou a procura de consensos uma maneira de viver juntos. Instaurar tal cultura é um processo de longo prazo, no qual se precisa, ao mesmo tempo, da transforma­ção das práticas institucio­nais e dos comportame­ntos individuai­s, de maneira que as relações se caracteriz­em pela não violência”, disse.

A primeira edição da Bienal de Luanda, destacou, foi um êxito, por ter criado uma plataforma para promoção da diversidad­e e da unidade africana, dar um ambiente propício para os intercâmbi­os culturais entre os participan­tes, assim como estabelece­r novas parcerias. “A bienal foi o coroamento do engajament­o de Angola para o diálogo e a paz.”

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DR Maria da Piedade de Jesus (ao centro) falou sobre a Bienal de Luanda e os projectos do sector

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