Estados Unidos querem mais angolanos nas suas universidades
Mais de quatro mil universidades nos EUA oferecem oportunidades de ingresso de estudantes angolanos
Mil 183 estudantes angolanos estão a ser formados em várias universidades dos Estados Unidos da América, informou ontem, em Luanda, a embaixadora americana, que lançou um desafio no sentido de se criarem condições para o aumento do número de discentes nas instituições de ensino superior naquele país.
Ao intervir na Quarta da Feira sobre o Ensino Universitário nos EUA, realizada na Mediateca de Luanda, Nina Maria Fite defendeu a alteração do quadro actual, por considerar insuficiente o número de estudantes angolanos nos Estados Unidos da América.
A diplomata qualificou o encontro como uma oportunidade de os jovens descobrirem aquilo que pretendem fazer como, por exemplo, financiar os estudos e obter um visto de estudante. Sublinhou que a feira serviu, igualmente, para discutir as preferências e as necessidades, de forma a ajudá-los a encontrar a universidade certa ou instituto superior que melhor se ajuste às suas pretensões.
“Temos mais de quatro mil universidades e institutos superiores e cada uma destas tem algo a oferecer aos estudantes angolanos. No ano passado, apenas 11 discentes deste país estudavam em Washington D.C, daí a razão de ter solicitado à Universidade de Howard para aumentar esse número”, disse.
Nos EUA, segundo a embaixadora, existem várias instituições americanas, como a Howard, que procuram por talentos angolanos e outros que desejam desenvolver alianças com escolas secundárias, institutos superiores, escolas técnicas e universidades. Nina Maria Fite referiu que, durante um ano e meio, constatou em algumas províncias de que os estudantes angolanos são talentosos e vão longe das suas aspirações. Reconheceu que os jovens são incansáveis nos seus esforços para obterem educação superior e procurarem emprego que os ajudem a manter as suas famílias e contribuir para a sociedade.
A diplomata reconheceu que Angola vive momentos difíceis para os jovens, sendo que para o mercado do trabalho existem mais candidatos do que oportunidades.
“Os angolanos que estudaram nos EUA, após a conclusão da formação, estão prontos para contribuir para o seu país, criando novas empresas ou mesmo trabalhar para o Governo”, ilustrou.
A embaixadora americana deu a conhecer que a Universidade de Howard pretende criar um canal sustentável de programas conjuntos e de intercâmbio científico para o envio de estudantes angolanos para a América e de americanos para Angola.
Universidade de Howard
O director-adjunto do Centro de Estudos Africanos da Universidade de Howard, Wheeler Winstead, disse que um dos critérios exigidos para ingressar na instituição passa pela obtenção da melhor qualificação e do domínio da língua inglesa, referindo que, numa primeira fase, os candidatos são submetidos a um teste que detalha o rumo que pretende seguir na universidade e após concluir o curso.
“É importante que o candidato fale inglês, que tenha boas notas nas universidades de Angola para, posteriormente, ser seleccionado. Também há oportunidades de entrar através de bolsas avaliadas em 25 mil dólares por ano”, notou .
Ensino superior
Do ano 2000 até a presente data, o sistema de ensino universitário registou um aumento de cerca de 80 instituições, disse o secretário de Estado para Ciência Tecnologia e Inovação.
Domingos da Silva Neto informou que deste número 60 por cento das instituições são privadas, sendo Angola o único país da região com este feito, recordando que, até 1999, havia apenas uma universidade pública.
O governante garantiu que o Executivo tem grandes desafios pela frente que passam pela construção de mais infra-estruturas e lares de estudantes. Lembrou ser necessário investir em laboratórios técnicos e de investigação científica, para que a componente de aulas práticas seja constante.
“Tivemos um crescimento massivo de estudantes e de expansão de instituições. Para manter a qualidade de ensino é preciso apostar, também, nos recursos humanos, de modo a terem uma preparação adequada. Gostaríamos que a vida do docente esteja ligada aos laboratórios”, realçou.
Reconheceu a falta de docentes no país, mas, para dar resposta a esta situação, foi lançado o programa de envio dos 300 melhores licenciados para as universidades dos EUA e outras melhores do mundo. “Nesta primeira fase do programa passaram apenas 68 candidatos”.
No país há falta de docentes, daí o Executivo ter apostado no envio de 300 melhores licenciados para as universidades dos EUA