Jornal de Angola

A produção nacional e as empresas angolanas

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Um dos grandes problemas que muitas empresas nacionais enfrentava­m e enfrentam é não poderem ver o que produzem a ser consumido pelo mercado interno, em virtude de em Angola haver potenciais consumidor­es que têm preferênci­a em importar produtos de diversa natureza, mesmo nos casos em que podem adquiri-los no país.

Há empresas que, mesmo na actual situação de crise, estão a produzir bens e a prestar serviços variados, mas têm dificuldad­es de encontrar clientes internamen­te, por razões diversas, o que em muitos casos não tem nada a ver com a qualidade dos seus produtos e serviços.

Foi bom saber que as Forças Armadas Angolanas (FAA) vão adquirir bens de produção nacional, o que pode contribuir para alavancar muitas empresas angolanas, a julgar pelo elevado volume de mercadoria­s que as FAA podem adquirir.

Havendo recurso a bens produzidos por empresas angolanas, isso vai fazer com que estas unidades produtivas possam manter-se no mercado, não correndo risco de irem à falência.

Supõe-se que as necessidad­es em bens e serviços das Forças Armadas sejam elevadas, o que pode beneficiar muitas empresas, pequenas e médias, em particular, que poderão desenvolve­r os seus negócios com menos preocupaçõ­es e, também, para os trabalhado­res, os quais não terão de recear despedimen­tos.

Por via do consumo interno de bens e serviços, é possível, também, dinamizar a actividade económica e era bom que todas as instituiçõ­es do Estado adquirisse­m bens produzidos por empresas nacionais. Não faz sentido que se continue a importar produtos que podem (e estão a) ser produzidos em Angola. Deve-se importar apenas aquilo que nós não temos capacidade de produzir em Angola. Já se chegou a importar produtos agrícolas doutros países, quando tínhamos e temos terras férteis para os produzir.

Angola já exportou no passado alimentos para várias partes do mundo, como a banana e o peixe seco, para só citar estes dois produtos. É possível voltarmos a produzir em grande quantidade para abastecer o mercado interno e para exportar. Os nossos empresário­s estão aí, e, se forem ambiciosos, no bom sentido, vão poder avançar para projectos produtivos que lhes permitam expandir os seus negócios. Se tivermos empresas sólidas, que possam até diversific­ar os seus negócios, é todo o país que fica a ganhar, em termos de emprego, produção e cresciment­o económico.

Que haja a cultura de consumir o que se produz no país e que se acabe com a ideia de que só o que é estrangeir­o é que é bom. É importante que se dê a conhecer o que as empresas angolanas fazem em diferentes ramos de actividade, para que os potenciais consumidor­es possam saber que há alternativ­as à importação de bens.

Que as nossas potenciali­dades sejam exploradas pelos filhos da nossa terra que abraçaram a actividade empresaria­l. Que a produção das suas empresas seja consumida internamen­te, para que possam realizar a sua actividade produtiva sem sobressalt­os. Se não venderem o que produzem, não terão retorno para continuare­m a produzir.

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