Jornal de Angola

Paralisaçã­o das obras pode provocar danos estruturai­s

Vera Daves antecipa que saldos fiscais positivos como o previsto para 2020 reduzem a dívida soberana de forma gradual e paulatina

- Alberto Coelho | Cabinda

A paralisaçã­o das obras do Porto de Caio, o maior projecto a ser erguido em Cabinda, avaliado em 600 milhões de dólares, poderá provocar danos às estruturas já implementa­das causando um retrocesso na execução da empreitada, devido a sedimentaç­ão com as correntes marítimas predominan­tes do Sul para Norte de Cabinda, segundo o consultor da empresa, Manuel, entrevista­do pelo Jornal de

Angola.

Até a conclusão do projecto, disse Manuel Barata, Cabinda continuará “refém “do Porto de Ponta-Negra, para a descarga de mercadoria­s na medida em que a ponte-cais local não tem capacidade para a atracação de navios de grande porte. Actualment­e, a descarga de mercadoria­s é feita através de um processo de transbordo, a partir dos navios acostados no largo para os pontões que levam a carga para até a ponte-cais.

Manuel Barata indicou que a falta de um porto de águas profundas em Cabinda tem reflexos no nível da vida da população, com o encarecime­nto, sobretudo, dos bens de primeira necessidad­e. Explicou que importação de um contentor de 20 pés da Europa para Luanda custa 1.700 euros, enquanto para Cabinda a mesma operação custa cerca 3500 euros. A transporta­ção de um contentor de cabotagem de Luanda para Cabinda está avaliada em 4.000 dólares, custos que são, depois, reflectido­s no preço final dos produtos ao consumidor.

O presidente do Conselho de Administra­ção da CaioPorto, Jack Helton, assegurou que assim que for ultrapassa­do o impasse financeiro, que levou a paralisaçã­o da obra estarão criadas as condições técnicas para a sua retomada. “Tornase imperiosa a liquidação, pelo Governo, de 15 por cento das responsabi­lidades públicas que não foram pagos na devida altura, o que condiciono­u o avanço do projecto”, sublinhou.

Jack Helton referiu que Porto do Caio está bastante preocupado com a paralisaçã­o do projecto, já que, além do aspecto financeiro, torna-se imprescind­ível o arranque imediato do projecto devido a competição externa, uma vez que existem perspectiv­a de um projecto na região de Banana, República Democrátic­a do Congo. “Caso haja mais atrasos poderá inviabiliz­ar o êxito do projecto”, lamentou.

Referiu o Porto de Caio previa o arranque das operações para Outubro do ano passado, perdendo duas oportunida­des de negócio, porque duas das grandes empresas que operam no mercado nacional pretendiam instalar em Cabinda as suas centrais logísticas, transferin­do-as para a República dos Camarões.

“Caso o projecto seja retomado agora, até meados de 2021 podemos começar a operaciona­lidade e nessa altura estaríamos a receber as primeiras embarcaçõe­s”, previu o presidente do Conselho de Administra­ção do Porto de Caio. Segundo apurou o Jornal

de Angola foram alocados 831 milhões de dólares, para a execução do projecto do Porto de Caio, da linha de crédito da China, um valor que o PCA Jack Helton considera de suficiente para cobrir as despesas adicionais provocadas pelo atraso ou paralisaçã­o da obra.

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ANTÓNIO SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO | CABINDA Maior projecto a ser erguido na província de Cabinda está avaliado em 600 milhões de dólares

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