Paralisação das obras pode provocar danos estruturais
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A paralisação das obras do Porto de Caio, o maior projecto a ser erguido em Cabinda, avaliado em 600 milhões de dólares, poderá provocar danos às estruturas já implementadas causando um retrocesso na execução da empreitada, devido a sedimentação com as correntes marítimas predominantes do Sul para Norte de Cabinda, segundo o consultor da empresa, Manuel, entrevistado pelo Jornal de
Angola.
Até a conclusão do projecto, disse Manuel Barata, Cabinda continuará “refém “do Porto de Ponta-Negra, para a descarga de mercadorias na medida em que a ponte-cais local não tem capacidade para a atracação de navios de grande porte. Actualmente, a descarga de mercadorias é feita através de um processo de transbordo, a partir dos navios acostados no largo para os pontões que levam a carga para até a ponte-cais.
Manuel Barata indicou que a falta de um porto de águas profundas em Cabinda tem reflexos no nível da vida da população, com o encarecimento, sobretudo, dos bens de primeira necessidade. Explicou que importação de um contentor de 20 pés da Europa para Luanda custa 1.700 euros, enquanto para Cabinda a mesma operação custa cerca 3500 euros. A transportação de um contentor de cabotagem de Luanda para Cabinda está avaliada em 4.000 dólares, custos que são, depois, reflectidos no preço final dos produtos ao consumidor.
O presidente do Conselho de Administração da CaioPorto, Jack Helton, assegurou que assim que for ultrapassado o impasse financeiro, que levou a paralisação da obra estarão criadas as condições técnicas para a sua retomada. “Tornase imperiosa a liquidação, pelo Governo, de 15 por cento das responsabilidades públicas que não foram pagos na devida altura, o que condicionou o avanço do projecto”, sublinhou.
Jack Helton referiu que Porto do Caio está bastante preocupado com a paralisação do projecto, já que, além do aspecto financeiro, torna-se imprescindível o arranque imediato do projecto devido a competição externa, uma vez que existem perspectiva de um projecto na região de Banana, República Democrática do Congo. “Caso haja mais atrasos poderá inviabilizar o êxito do projecto”, lamentou.
Referiu o Porto de Caio previa o arranque das operações para Outubro do ano passado, perdendo duas oportunidades de negócio, porque duas das grandes empresas que operam no mercado nacional pretendiam instalar em Cabinda as suas centrais logísticas, transferindo-as para a República dos Camarões.
“Caso o projecto seja retomado agora, até meados de 2021 podemos começar a operacionalidade e nessa altura estaríamos a receber as primeiras embarcações”, previu o presidente do Conselho de Administração do Porto de Caio. Segundo apurou o Jornal
de Angola foram alocados 831 milhões de dólares, para a execução do projecto do Porto de Caio, da linha de crédito da China, um valor que o PCA Jack Helton considera de suficiente para cobrir as despesas adicionais provocadas pelo atraso ou paralisação da obra.