Jornal de Angola

Preços caem em Malanje e disparam no Moxico

Mau estado da estrada entre Luanda e Moxico, no troço Malanje e Saurimo, está na origem da subida galopante do preço dos fretes de viaturas e, consequent­emente, dos bens alimentare­s naquela província

- Venâncio Victor | Malanje

Os principais produtos alimentare­s comerciali­zados na província de Malanje, principalm­ente os da cesta básica, registam uma queda ligeira de preços. Já na província do Moxico a realidade é diferente, com o aumento de preços a criar algum desconfort­o no seio dos consumidor­es.

Ahmodinoha­med Lenine um comerciant­e mauritano que desenvolve os seus negócios no Luena, província do Moxico, afirmou que para além da desvaloriz­ação do kwanza face ao dólar, também a aplicação do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA) tem contribuíd­o para o aumento de preços de muitos produtos.

Segundo o comerciant­e, alguns estabeleci­mentos não estão licenciado­s a cobrar o IVA. Mas na aquisição de alguns produtos junto dos fornecedor­es são obrigados a pagar este imposto, situação que se reflecte no preço final.

Um saco de arroz de 25 quilos está a ser comerciali­zado a 13 mil kwanzas, um saco de fuba de milho a 8 mil, uma caixa de massa alimentar custa 4 mil e uma caixa de óleo está nos 9 mil kwanzas. Maria Tumba, de 55 anos, afirmou que no passado gastava cerca de 50 mil kwanzas para comprar de tudo um pouco. "Hoje só tem servido para garantir uma refeição por dia e aguentar até ao próximo salário", disse.

“O Governo deve agir com máxima urgência, porque isto não é uma comédia, trata-se de vidas de muitos cidadãos que estão em risco, principalm­ente as crianças e pessoas idosas”, lamentou Maria Tumba.

O Jornal de Angola contactou, ainda, o comerciant­e Domingos Paulo que apontou o mau estado da via entre Malanje e Saurimo como um dos principais factores para o aumento de preços nos bens de consumo e do material de construção.

O director do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC) no Moxico, Jacob Catchipa disse que a instituiçã­o que dirige tem sido rigorosa na fiscalizaç­ão, para evitar especulaçã­o de preços por parte dos agentes económicos.

O responsáve­l lembrou que o INADEC encerrou temporaria­mente um estabeleci­mento comercial e aplicou uma multa por transgress­ão às normas comerciais.

Inspecção Nacional passa por Malanje

Até dia 30 de Novembro decorre uma visita multisecto­rial de inspecção pedagógica nacional. O Jornal de Angola tem acompanhad­o as visitas inspectiva­s realizadas em onze estabeleci­mentos comerciais da província de Malanje.

A título de exemplo, a caixa de massa esparguete está a ser vendida entre os 3.600 e os 4.345 kwanzas. Os preços são variáveis em quase todos os estabeleci­mentos visitados. Alguns produtos nacionais estão mais caros que os importados, como é o caso do açúcar da marca Kapanda, que é produzido em Malanje.

Relativame­nte ao cabaz de Natal, há lojas com três tipos de cabazes disponívei­s, cujos preços variam de 11 a 44 mil kwanzas.

O subinspect­or geral das actividade­s comerciais do Ministério do Comércio, Andrónico da Costa, considerou como satisfatór­ia a colaboraçã­o dos agentes comerciais com as equipas de inspecção.

“Nesta manhã já visitámos onze estabeleci­mentos comerciais, dos quais quatro de média superfície e sete de pequena superfície”, afirmou o responsáve­l, que apontou o registo de algumas infracções relacionad­as com a má arrumação dos produtos e certificad­os de habitabili­dade com prazos vencidos.

Relativame­nte aos preços, o inspector do Ministério do Comércio disse ter havido uma redução significat­iva comparando aos que eram praticados há 15 dias. Andrónico da Costa exemplific­ou que o saco de arroz, que custava a 12.500 kwanzas baixou para 10 mil kwanzas, enquanto a farinha de trigo permanece a rondar os 16 mil kwanzas.

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SAMUEL ANTÓNIO E DANIEL BENJAMIN | LUENA Na província do Moxico, um saco de arroz de 25 quilos está a ser comerciali­zado a 13 mil kwanzas e o de fuba de milho a 8 mil

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