Saad Hariri renuncia a nova candidatura
O Primeiro-Ministro cessante do Líbano, Saad Hariri, anunciou, ontem, que não se recandidatará à chefia do Governo, um mês após o pedido de demissão e na sequência de contínuos protestos e de uma grave crise económica e financeira.
Numa declaração emitida na quarta-feira, Hariri tinha apelado ao Presidente Michel Aoun para iniciar consultas com os líderes dos blocos parlamentares com o objectivo de designar um novo Primeiro-Ministro.
Hariri apresentou a resignação do Executivo em 29 de Outubro em resposta às manifestações antigovernamentais no país que decorriam há duas semanas. Os protestos são dirigidos contra a corrupção, incompetência e a má gestão da elite no poder.
O Primeiro-Ministro cessante considerou que a retirada da sua candidatura poderá desbloquear o actual impasse político e garantir uma solução governativa. Insistiu ainda na necessidade de o novo Governo ser integrado por tecnocratas para que o Líbano ultrapasse a actual crise. Os protestos começaram como parte de um movimento espontâneo que cresceu nas ruas e tem afectado vários sectores sociais, provocando o encerramento de estradas, bancos e escolas.
A mobilização é geralmente baixa durante a semana em comparação com o fim de semana, com uma aparente normalidade devido à retoma do trabalho no sector privado e à reabertura de bancos e escolas, fechados por várias semanas.
O Líbano é um país onde necessidades básicas como água, electricidade e acesso universal aos cuidados - não são asseguradas 30 anos após o fim da guerra civil e onde a classe política quase inalterada.