Artista guineense mostra talento
Os resultados da experiência da residência artística do pintor franco-guineense Nú Barreto são apresentados hoje, às 18h00, no Espaço Luanda Arte (ELA), no edifício da De Beers, em Luanda, numa exposição de arte.
A exposição, explicou o fundador do ELA, Dominick Tanner, inclui várias fases, uma das quais denominada “Atelier Aberto”, na qual o artista vai criar uma obra ao vivo. Além disso, outros trabalhos de Nú Barreto vão estar em exibição.
Nú Barreto, disse Dominick Tanner, ficou dois meses em residência artística no ELA, num projecto denominado “Angola AIR”, onde realizou pesquisas e desenvolveu novos trabalhos, no âmbito da iniciativa “DesAngolar”, que incluía interacções com a cultura e vida social local. “Está é a forma deste mostrar, agora, o resultado de tudo que viveu durante a residência”, esclareceu.
Os trabalhos do artista guineense, adiantou, denunciam problemas sociais, através de figuras em queda permanente, exploradas por meio do “pretufunguli”, a “corde-grito”, usada, na Guiné, para separar as classes sociais.
“As cores são das principais referências dos trabalhos. A maioria procura expressar sentimentos, que quando associados aos provérbios da Guiné deram a ideia para criação deste trabalho, no qual as figuras que aparecem a dançar, a jogar, ou deitados e a cair representam as pessoas a lutarem por si próprias, quase sempre largadas e abandonadas”, disse Dominick Tanner.
Como um artista pluridisciplinar, que procura interpelar o espectador pela pintura, fotografia, desenho e vídeo, Nú Barreto procura fazer, também, uma crítica contra os actos de opressão do mundo, tema recorrente na obra do artista, que denuncia, ainda, em tela, a miséria e o sofrimento do continente africano, numa linguagem feita de formas, cores e um forte simbolismo.
A história do artista guineense, destacou, também pode ser vista no documentário “PretuFunguli”, lançado o ano passado, onde o público pode conhecer os vários países onde este já expôs, como Brasil, Portugal, França, Macau e Guiné-Bissau, onde vive e trabalha. O filme volta a ser exibido no ELA, como forma de explicar o processo criativo e os conflitos em que vive o pintor.
Nú Barreto nasceu em 1966, em São Domingos, norte da Guiné-Bissau. O interesse pelas artes começou em 1989, em Paris, onde vivia e fez formação, pela Ecole de Photografie 4 AEP. Ao longo da carreira, participou em diversas mostras colectivas mundiais.