Angola regista 15 casos de violência/dia
O país regista, todos os dias, uma média de 15 crimes de violência doméstica. O dado foi avançado, ontem, em Luanda, pelo secretário de Estado para o Interior, José Bamóquina Zau, na abertura da Campanha de 16 dias de Activismo pelo fim da violência doméstica contra as mulheres. A Polícia revela que, semanalmente, são detidos 30 presumíveis autores destes crimes contra mulheres.
O país regista, por dia, 15 casos de violência doméstica, com cerca de 30 presumíveis autores detidos semanalmente, revelou ontem, em Luanda, o secretário de Estado do Interior para o Serviço Penitenciário. José Zau, que falava durante a abertura da campanha de 16 dias de activismo pelo fim da violência doméstica contra as mulheres, realizada pela Associação de Apoio à Mulher Polícia de Angola (AAMPA), informou que as províncias com maior índice de violência doméstica são as de Luanda, Benguela, Huambo, Uíge e Malanje. O responsável avançou que, de Janeiro até à presente data, foram registados 5.151 crimes de violência doméstica, dos quais 3.992 de ofensas corporais, 262 de homicídios, 284 de ameaças, 207 de violência psicológica, 183 de violação e 223 de outra natureza. O secretário de Estado explicou que, dos 5.151 crimes registados, 4.543 foram de homens contra mulheres, 405 de mulheres contra homens e 203 contra crianças, referindo que tais incidentes ocorrem com maior incidência às sextas-feiras. “Devemos todos trabalhar no sentido de reforçar as acções de sensibilização e de denúncia dos criminosos do género, reiterando o apelo às instituições vocacionadas na matéria para abraçar a causa, um problema social vergonhoso”, precisou. O governante reiterou o apelo à sociedade em geral, aos jovens e aos pais em especial para aderirem a esta campanha, lutando para a prevenção e combate à violência doméstica, praticada sobretudo no seio da família e da vizinhança. Acrescentou que tal violência fere as regras mínimas da boa convivência social.
A chefe do Departamento de Análise, Protecção e Apoio à Vítima de Violência Doméstica do Ministério da Acção Social Família e Promoção da Mulher, Palestina Bernardo, disse que o encontro serviu para partilha de conhecimentos sobre uma temática antiga, mas que, de alguma forma, não tem merecido a abordagem necessária.
Palestina Bernardo considera uma mais-valia falar sobre os actos de violência baseada no género, no local de trabalho e recolha de relatos sobre o mesmo, pois, referiu, trata-se de situações que ocorrem diariamente na sociedade e que não são um fenómeno novo.
A responsável sublinhou que muitos dos actos de violência podem parecer algo muito simples, como, por exemplo, um simples assobio e elogio podem, em seu entender, parecer atitudes normais ou habituais, mas, na verdade, são actos que configuram a violência.
“Só poderemos ter essa noção se abordarmos e falarmos dela, de modo a identificarmos e evitar que tais actos aconteçam, na medida que é premente a mudança de comportamento nesse aspecto”, disse Palestina Bernardo.