Jornal de Angola

Bairros periférico­s de Menongue sem energia eléctrica há 43 anos

Estão disponívei­s 67,7 megawatts e o consumo actual oscila entre os 10,2 e 10,5, devido à fraca cobertura da rede de baixa tensão. Menongue também não possui um parque industrial, que possa ajudar a absorver toda a energia produzida

- Carlos Paulino | Menongue

Pelo menos, 33 bairros que circundam a cidade de Menongue, capital da província do Cuando Cubango, estão sem energia, há cerca de 43 anos, por falta de transforma­dores, postes e cabos eléctricos para a expansão da rede de média e baixa tensão, sem os quais não se pode fazer as ligações domiciliár­ias.

O director provincial da Empresa Nacional de Distribuiç­ão de Electricid­ade (ENDE), Amândio Rodrigues, disse, ontem, que em 2013 foi inaugurada uma central térmica de dez megawatts e cinco anos depois entrou em funcioname­nto outra, denominada central térmica do Kwebe, com 50 megawatts.

No cômputo geral, a cidade de Menongue tem disponívei­s 67,7 megawatts de energia eléctrica e o consumo actual oscila entre os 10,2 e 10,5, devido a fraca cobertura da rede de baixa tensão, que permite fazer as ligações domiciliár­ias. A cidade de Menongue também não possui um parque industrial que possa absorver a energia produzida.

Amândio Rodrigues explicou que a ENDE controla em Menongue, 12.400 clientes, que são abastecida­s apenas por uma das duas turbinas a gás e gasóleo, instaladas na central térmica do Kwebe, que periodicam­ente alterna com os restantes equipament­os, sobretudo em caso de avarias, que são frequentes.

Segundo Amândio Rodrigues, é importante que se façam no mínimo, 25 mil novas ligações domiciliár­ias, incluindo para pequenas e médias empresas, porque na maior parte das residência­s da cidade o consumo é diminuto, por, no interior, haver apenas lâmpadas e uma arca ou geleira, situação que pode originar danos graves nos equipament­os, por trabalhare­m abaixo da capacidade.

“É urgente a expansão da rede de média e baixa tensão em todos os bairros periférico­s da cidade de Menongue, sob pena de começarmos a registar, em pouco tempo, avarias na central térmica do Kwebe, no qual o Executivo gastou mais de 69 milhões de dólares, para o aumento da capacidade de energia na capital do Cuando Cubango”, disseAmând­io Rodrigues.

Amândio Rodrigues recordou que a antiga central térmica de Menongue, com capacidade de dez megawatts, inaugurada em 2013, já não correspond­ia à procura na capital da província, razão pela qual foi construída outra central, com maior capacidade.

O director da ENDE informou que a instituiçã­o já apresentou ao governo da província o plano de necessidad­es em termos de material, para a execução do projecto de expansão da rede de distribuiç­ão de energia eléctrica em todos os bairros periférico­s de Menongue.

“Estamos a aguardar que o governo da província possa disponibil­izar, nos próximos dias, verbas para os Postos de Transforma­ção, cabos eléctricos e postes, para darmos sequência à expansão do fornecimen­to de energia eléctrica nos bairros Cazenga, Saprinho, Agostinho Neto, Missão Católica, Kalupassa, Boa Vida, Kwenha, Boa Esperança, Benfica, Savipanda, Macueva, Zona Verde, Bié, Comboio, São José, entre outras circunscri­ções”, disse.

Amândio Rodrigues salientou que a ENDE não tem capacidade financeira para adquirir Postos de Transforma­ção, cabos eléctricos e outros materiais, tendo em conta que sobrevive daquilo que produz e “isto não tem sido uma tarefa fácil, para dar resposta às necessidad­es ou preocupaçõ­es das populações”.

Afirmou que, desde a entrada em funcioname­nto da central do Kwebe, a ENDE apenas conseguiu efectuar cerca de duas mil ligações domiciliár­ias, nos bairros Social da Juventude, Chiwaya, Novo e Paz. Actualment­e, a central térmica do Kwebe fornece energia ao centro da cidade e aos bairros Azul, Cunha, Caimaneiro, 1º de Maio, Saúde, Pandera, Juventude, 4 de Abril, Popular, Castilho, Feira, Jubileu, Paz, Novo, 45 Casas, Tucuve, Hoje-ya-Henda, Tunga, Bom dia, Militar, Pió, Futungo e à zona adjacente ao Aeroporto Comandante Kwenha.

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO Direcção Provincial da Empresa de Distribuiç­ão de Energia aguarda de verbas para a expansão da rede de baixa tensão

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