Pobreza extrema em 40 por cento dos municípios
O Relatório sobre Pobreza Multidimensional, apresentado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em Luanda, indica que nove em cada dez pessoas são pobres em 40 por cento dos municípios de Angola.
De acordo com o documento, apresentado pela técnica do INE Eliana Quintas, em 65 dos 164 municípios do país, a pobreza multidimensional (com incidência na saúde, educação, qualidade da habitação e emprego) afecta 90 por cento da população.
O município do Curoca, situado a 333 quilómetros de Ondjiva (Cunene), lidera os indicadores de pobreza no país, com uma incidência e intensidade da pobreza de 98 por cento, enquanto nos municípios do Cuvelai e Ombanja a incidência é de 94 por cento, o que significa que quase a totalidade das pessoas desses três municípios são muito pobres.
O município do Cuanhama apresenta uma incidência de 78 por cento, em que perto de oito em cada dez vive na pobreza quase absoluta, mas em todos os municípios os indicadores sobre água, saneamento e electricidade da rede pública contribuem com mais de 40 por cento para a pobreza.
Os indicadores mostram ainda que nos municípios apenas 12 por cento da população tem acesso a água canalizada, o saneamento básico cobre apenas 16 por cento da população, o registo civil 9,00 por cento, percentagem igual à da cobertura da rede escolar.
O director para Estatística e Planeamento do Ministério da Economia e Planeamento, Rui Morais, considerou na acto de apresentação que o relatório constitui um importante instrumento para apoiar o Governo na formulação e implementação das políticas públicas, o que vai contribuir na redução das assimetrias regionais e erradicação da pobreza extrema. Vai permitir, também, uma melhor alocação dos recursos financeiros.
Para Ricardo Nogueira, consultor do INE pela britânica Oxford University, a partir destes indicadores, o Governo angolano saberá gizar as políticas públicas para o desenvolvimento.