Jornal de Angola

Multidão em fúria vandaliza instalaçõe­s da ONU em Beni

Uma multidão enfurecida assaltou e incendiou, na quarta-feira, as instalaçõe­s da representa­ção das Nações Unidas em Beni, como forma de protesto contra a alegada passividad­e face à crescente instabilid­ade provocada pelos rebeldes que actuam na região

-

Pelo menos quatro manifestan­tes morreram, quartafeir­a, numa acção de protesto contra a Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) em Beni, no Leste da República Democrátic­a do Congo, apoiada à distância pela presidente do Parlamento, Jeanine Mabunda, de acordo com declaraçõe­s prestadas em Paris, França, por uma fonte daquela representa­ção internacio­nal.

De acordo com a Agência France Press, a ONU é acusada pelos manifestan­tes de não agir contra os massacres atribuídos ao grupo armado Forças Democrátic­as Armadas (ADF). Os manifestan­tes reclamam que os capacetes azuis, a força de manutenção da paz da ONU, não agiu após o assassinat­o de quase 80 civis num mês, supostamen­te pelas forças rebeldes.

“Foram quatro mortos durante o dia” e “há dez civis e três militares congoleses feridos”, disse à AFP o auditor militar Kumbu Ngoma, que mencionou a possibilid­ade de existir uma quinta vítima fatal. Algumas investigaç­ões determinar­ão a origem dos disparos: “não sabemos quem disparou”, disse Ngoma.

A RDC anunciou operações militares conjuntas com a ONU, segundo a Presidênci­a, após este ataque à Missão das Nações Unidas no Congo (Monusco) em Beni, onde a tensão dos últimos dias suspendeu a luta contra a epidemia de ébola, que matou cerca de 2.200 pessoas.

Em visita a Paris, a presidente do Parlamento congolês, Jeanine Mabunda, interrogou-se publicamen­te sobre o papel da Monusco, estimando que a Missão, ao custo de mil milhões de dólares por ano, “não pode permanecer indefinida­mente no país.”

“Há um desconfort­o entre a presença, o custo da Monusco na RDC e os resultados obtidos”, afirmou Mabunda à AFP, que julgou “legítimo que as populações se perguntem por que essa força continua na RDC.”

Antes de atacar a base da ONU em Beni, os manifestan­tes atearam fogo à sede da câmara municipal (prefeitura), que foi parcialmen­te destruída, segundo o correspond­ente da AFP.

ONU reúne com autoridade­s

No seguimento deste incidente, a chefe da Missão Multidimen­sional Integrada das Nações para a Estabiliza­ção da República Democrátic­a do Congo (Monusco), Leila Zerrougui, reuniu-se no mesmo dia, à noite, com as autoridade­s nacionais.

Uma multidão furiosa tinha incendiado as instalaçõe­s das Nações Unidas e a câmara municipal desta cidade do Leste do país para protestar contra a incapacida­de das tropas governamen­tais e dos capacetes azuis de impedir um ataque mortífero cometido no fimde-semana pelas Forças Democrátic­as Aliadas (ADF), um grupo rebelde, segundo a imprensa local.

Segundo um comunicado das Nações Unidas, a que a AFP teve acesso, enquanto as manifestaç­ões continuava­m, o pessoal da Monusco foi redesdobra­do para outras zonas mais seguras.

Leila Zerrougui participou numa reunião do Conselho Nacional de Segurança presidida pelo Chefe de Estado da República Democrátic­a do Congo, Félix Tshisekedi, declarou, aos jornalista­s em Nova Iorque, Stephane Dujarric, portavoz da ONU.

“A missão trabalhará estreitame­nte com as autoridade­s para encontrare­m juntos soluções para o povo de Beni”, afirmou Dujarric.

 ?? DR ?? O Leste da República Democrátic­a do Congo está a ser assolado por ataques de grupos rebeldes
DR O Leste da República Democrátic­a do Congo está a ser assolado por ataques de grupos rebeldes

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola