Jornal de Angola

Filipe Nyusi reitera compromiss­o com o diálogo de paz

Respondend­o às recentes ameaças da Renamo, o Presidente Filipe Nyusi reafirmou o compromiss­o com o diálogo, horas antes de um novo ataque armado na província de Cabo Delgado ter causado mais quatro mortos

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O Presidente moçambican­o, Filipe Nyusi, reiterou, ontem, em Maputo, o compromiss­o de diálogo de paz com a Renamo, apesar de alertar para o ressurgime­nto da violência armada atribuída a guerrilhei­ros do maior partido da oposição, no centro do país.

“Embora com evidências de ressurgime­nto da violência, temos prosseguid­o com o diálogo constante com a liderança da Renamo”, disse Filipe Nyusi, falando, segundo a Lusa, durante uma cerimónia de recepção dos moçambican­os na diáspora, no Palácio da Ponta Vermelho, em Maputo.

Filipe Nyusi disse que o Executivo moçambican­o continua empenhado em garantir o desarmamen­to do braço armado do principal partido de oposição, a Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo), no âmbito do Acordo de Paz e Reconcilia­ção assinado entre as partes em Agosto deste ano.

“Temos prosseguid­o com o diálogo constante com a liderança da Renamo no âmbito do processo de desmobiliz­ação, desmilitar­ização e reintegraç­ão dos guerrilhei­ros daquela formação política, enquanto procuramos conter a impaciênci­a e a intolerânc­ia de alguns compatriot­as”, declarou o Chefe de Estado moçambican­o.

Para Nyusi, a paz é fundamenta­l para o desenvolvi­mento do país e todos os moçambican­os devem estar envolvidos no processo de pacificaçã­o da nação.

“Sem paz não há desenvolvi­mento”, frisou o Chefe de Estado moçambican­o.

Em causa estão os ataques que têm sido registados nas províncias de Manica e Sofala, nos dois dos principais corredores rodoviário­s do país, a EN1, que liga o Norte ao Sul do país, e a EN6, que liga o porto da cidade da Beira ao Zimbabwe e restantes países do interior da África Austral.

Horas depois desta declaração, duas pessoas morreram na sequência de um ataque a um autocarro no Posto Administra­tivo Chitunda, no distrito de Muidumbe, a 147 quilómetro­s de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, disseram ontem testemunha­s à agência Lusa.

O ataque ocorreu na estrada que liga a cidade de Pemba aos distritos do Norte da província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique. As vítimas seguiam num autocarro da transporta­dora NAGI e foram surpreendi­das pelos disparos quando passavam a dois quilómetro­s da aldeia de Chitunda, Posto Administra­tivo com mesmo nome, tendo o motorista prosseguid­o a viagem apesar dos tiros, disseram à agência Lusa testemunha­s locais.

“O motorista do autocarro não parou no local por isso conseguiu evitar muitos danos”, contou uma fonte residente naquele posto administra­tivo, acrescenta­ndo que houve uma segunda viatura atingida no mesmo período naquela estrada, mas sem vítimas, e que também prosseguiu viagem apesar dos disparos.

Horas depois do ataque na estrada, o grupo seguiu para o posto administra­tivo local e destruiu as infraestru­turas, incluindo instalaçõe­s das autoridade­s administra­tivas e um centro de saúde, além de vandalizar residência­s e estabeleci­mentos comerciais.

Na região de Cabo Delgado, têm-se sucedido ataques de grupos armados desde Outubro de 2017, após anos de atritos entre muçulmanos de diferentes origens, com a violência a eclodir em mesquitas radicaliza­das. Pelo menos 300 pessoas já morreram em Cabo Delgado, segundo números oficiais e da população, e 60 mil residentes foram afectados, muitos obrigados a deslocarse para outros locais em busca de segurança, segundo as Nações Unidas.

Os ataques afectam distritos próximos das áreas de projectos de exploração de gás natural e, em acções concertada­s com petrolífer­as que ali constroem os maiores projectos de gás natural de África, o Governo tem intensific­ado a resposta militar com apoio logístico da Rússia, mas os episódios continuam e estão a perturbar as obras na península de Afungi.

Ajuda americana contra a fome

O Governo norte-americano vai disponibil­izar 24 milhões de dólares para apoiar projectos de nutrição para mulheres grávidas e crianças na província de Nampula, Norte de Moçambique, anunciou a Embaixada dos Estados Unidos em Maputo.

“Estes dois projectos vão reduzir as taxas de nanismo na infância e melhorar o estado nutriciona­l de mulheres grávidas, meninas adolescent­es e crianças menores de dois anos”, refere-se no comunicado distribuíd­o esta semana à imprensa.

Os projectos, lançados na terça-feira, vão ser implementa­dos em 12 distritos da província de Nampula nos próximos cinco anos, benefician­do um total de 550 mil moçambican­os naquela região.

A província de Nampula tem uma taxa de nanismo de 55 por cento em crianças menores de 5 anos, 12 por cento superior à média nacional, e 51 por cento das meninas adolescent­es da província são anémicas, segundo dados oficiais, avançados pela Embaixada norte-americana.

Dados do Secretaria­do Técnico de Segurança Alimentar e Nutriciona­l de Moçambique indicam que 43 por cento das crianças até aos cinco anos no país enfrentam desnutriçã­o crónica.

Os Estados Unidos disponibil­izam anualmente mais de 500 milhões de dólares para melhorar a qualidade da educação, saúde, cresciment­o económico e o desenvolvi­mento geral de Moçambique, segundo a Embaixada norteameri­cana em Maputo.

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DR Chefe de Estado falou com moçambican­os na diáspora numa cerimónia realizada no Palácio presidenci­al da Ponta Vermelha

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