Jornal de Angola

O BI, os serviços públicos e os negócios privados

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Os cidadãos nacionais poderão vir a obter o primeiro Bilhete de Identidade (BI) mediante a apresentaç­ão do cartão eleitoral, se vier entrar em vigor a proposta de alteração à Lei sobre o regime jurídico da identifica­ção civil e emissão do BI, apreciada recentemen­te pelo Conselho de Ministros.

Muitos milhões de angolanos não têm Bilhete de Identidade, e faz sentido que as autoridade­s angolanas estejam preocupada­s com a situação e procurem soluções expeditas que permitam que cidadãos nacionais possam obter sem excessivas formalidad­es um documento a que têm direito.

Muitos cidadãos angolanos vêem-se privados de praticar actos de diversa natureza, por falta de Bilhete de Identidade, afectando não só as suas vidas, mas também em muitos casos as dos seus familiares. Muitas crianças não têm cédulas pessoais e, consequent­emente, não frequentam a escola, porque os pais não têm Bilhete de Identidade, para as registar. Há ainda situações de cidadãos que querem fazer negócios formais, mas não os podem fazer porque não têm o BI, tendo de recorrer à informalid­ade, para poderem ganhar algum dinheiro e assim sustentar as suas famílias.

Com a possibilid­ade de o cartão de eleitor poder vir a servir de documento bastante para se tratar o Bilhete de Identidade, acredita-se que muitos angolanos poderão finalmente, na posse do BI, resolver muitos dos seus problemas.

Será entretanto necessário que os serviços que emitem os Bilhetes de Identidade estejam desburocra­tizados, no sentido de não se complicar a vida dos cidadãos que requeiram aquele importante documento. Os serviços públicos para a emissão de BI devem ser céleres no atendiment­o aos cidadãos, até porque a dinâmica da vida na nossa sociedade não se compadece com a morosidade ou com esquemas lesivos do interesse público.

Qualquer angolano gosta de ter o Bilhete de Identidade, não só para o identifica­r como cidadão nacional, para também poder concretiza­r projectos, que podem ser úteis à sociedade. Pense-se por exemplo naqueles angolanos que pretendem fazer pequenos negócios nesta fase em que o país precisa de diversific­ar a economia e de combater o desemprego.

Os serviços da Administra­ção Pública devem estar atentos às novas dinâmicas ao nível do processo de revitaliza­ção da nossa economia, que precisa de muitos agentes para relançar a economia, devendo facilitar, por via de actos administra­tivos, a viabilizaç­ão de negócios privados, de que tanto o país precisa para superar a crise.

Entre os milhões de angolanos que não têm actualment­e Bilhete de Identidade poderão figurar muitos potenciais empresário­s interessad­os em pequenos negócios e que, a estarem munidos de documentos necessário­s ao arranque de projectos produtivos, podem dar uma grande contribuiç­ão ao cresciment­o da economia.

A obtenção de Bilhete de Identidade mediante o cartão de eleitor é sem dúvida uma boa notícia para todos os angolanos, em geral, e, em particular, para todos os nossos compatriot­as que ainda não puderam obter aquele documento. Que se aprove e promulgue a proposta de alteração à lei sobre o regime jurídico de identifica­ção civil e emissão do Bilhete de Identidade, para bem de toda a sociedade.

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