Marcelo Odebrecht demitido por determinação do pai
O actual presidente da Odebrecht, Ruy Sampaio, demitiu o ex-líder da empresa, Marcelo Odebrecht. A demissão foi uma determinação do pai de Marcelo, Emílio Odebrecht.
Na Bahia, Emílio, que preside a Kieppe, holding que comanda a Odebrecht, mandou um advogado avisar o filho, em São Paulo, que tinha sido demitido por justa causa, após a divulgação de e-mails enviados ao pai pelo jornal “Folha de São Paulo”. Nas mensagens, Marcelo acusa o pai de ser o responsável pela bancarrota da empresa, que levou a companhia a entrar com o pedido de recuperação judicial.
Com a demissão, Marcelo continua como accionista minoritário da Odebrecht S.A., com 2,79 por cento da empresa, mas perde benesses como o salário de 115 mil reais (28.500 dólares), motorista, guarda-costas, assessor de imprensa, secretária e advogados, todos pagos pela empresa. Sampaio enviou um comunicado aos clientes do Grupo Odebrecht. No email, informa a demissão do filho e que o ex-líder do grupo terá os mesmos direitos e deveres dos demais accionistas. Marcelo passa a não falar mais em nome da empresa. Ele estava afastado de qualquer função executiva, desde 2015, quando foi preso.
Para mostrar influência, desde a soltura, Marcelo Odebrecht aparecia na empresa, com o objectivo de mostrar que era querido entre os funcionários e afastar a imagem do “mau da fita”. O pai, Emílio Odebrecht, pôs fim a estas visitas na segundafeira. Marcelo Odebrecht foi impedido na portaria de entrar na companhia, quando foi à empresa tentar reverter a demissão de Zaccaria Junior, seu assessor.
A demissão foi uma ordem expressa de Emílio Odebrecht, que determinou que todos os funcionários ligados ao filho sejam afastados da companhia. Na segunda-feira, Emílio Odebrecht determinou a troca de Luciano Guidolin, então presidente da Odebrecht, no comando da empresa, pela influência que exercia sobre Guidolin. Foi substituído por Ruy Sampaio, então presidente do conselho da companhia.
Marcelo e Emílio nunca se deram bem. A agressividade, porém, ficou mais clara desde a morte do pai de Emílio, Norberto Odebrecht, e a prisão de Marcelo no âmbito da Operação Lava-Jato, em 2015, quando Emílio foi obrigado a reassumir a companhia. Desde então, o pai prepara o filho caçula, Maurício (até então à parte dos negócios do império Odebrecht), para tomar as rédeas da empresa quando deixar a Kieppe.