Mesa farta de paz, amor e união
Natal remete também para a reflexão sobre como vai a relação com o próximo, sobre que tratamento tem recebido quem clama por amparo ou como caminha a solidariedade. É um tempo virado, igualmente, à autoavaliação, à supressão dos excessos, a uma existência
Dê para onde der, hoje, a convergência familiar é à mesa, cheia, farta, não necessariamente de comes, bebes ou sortidos e outras guloseimas que preenchem o cardápio nesta altura do ano. É uma mesa vasta, para que nela caibam todos, e abundante de paz, amor e união. Um lugar que materialize, realmente, o Espírito Natalino e simbolize a harmonia que deve habitar debaixo de um tecto.
O Natal é um evento Cristão, mas a sua celebração abriu, ao longo dos anos, as portas a fiéis de outras confissões religiosas, talvez porque seja importante estender o espírito aglutinador da festa. Se calhar esta seja a altura para se não alimentarem divisionismos e se não questionarem as razões que sustentam a comemoração da data, assim como para se não colocar em causa o dia e o lugar de nascimento de Jesus, figura sobre quem hoje recaem muitos dos agradecimentos.
A causa e o compromisso são a harmonia, a paz e a união. Independentemente de convicções inerentes a cada um, sobressai o bem maior, a família, elemento que se sobrepõe a posicionamentos decorrentes de postulados de confissões religiosas.
“O Natal gira em torno do outro, pensar no outro para o bem de todos, porque é Deus que pensou nos homens quando enviou o Seu próprio Filho para morrer por nós”, definiu-o, assim, o bispo da Igreja Metodista Unida de Angola, Gaspar João Domingos. Um enunciado que vinca o espírito do Natal.
Natal remete também para a reflexão sobre como vai a relação com o próximo, sobre que tratamento tem recebido quem clama por amparo ou como caminha a solidariedade. É um tempo virado, igualmente, à auto-avaliação, à supressão dos excessos, a uma existência pela moderação. Nestes tempos marcados por profundas carências, calha bem, por exemplo, alterar o foco para o emocional, para o espiritual, deixando a “abundância material” para o “acervo das futilidades” de onde ser humano algum a devia ter recuperado.
“É importante que todos os cristãos usem este dia com muita seriedade e serenidade, evitar os excessos, tanto ao beber como ao comer, para não transformarem o momento de festa em tragédia. Não foi por esse objectivo que Jesus Cristo veio ao mundo. Precisamos de viver o Espírito Natalino com fé e esperança de que Jesus é o caminho que nos leva a Deus Pai todo poderoso”.
O conselho acima vem do secretário-geral da Conferência Episcopal de Angola e São Tome (CEAST), o bispo D. António Francisco Jaka. E ele insiste: “Apesar de na época natalícia, a população envolver-se em compras e troca de presentes, não se pode perder a essência pela qual se celebra a data e usar esse momento para reflectir sobre a nossa fé e estar de bem com o próximo”.
Ganham, pois, prioridade, nestes instantes, o amor ao próximo e a união familiar. Deve haver sempre lugar para mais um à mesa, à roda da qual se devem alinhar vontades e desejos de prosperidade para todos.
“Urge aos cristãos olharem a época Natalina com boas práticas e como oportunidade para o reforço da unidade familiar e solidariedade”, realçou, por seu lado, Dom Almeida Canda, bispo da Diocese de Ndalatando.
Dom Almeida Canda sustentou a necessidade de os cristãos absterem-se do egoísmo e da publicidade enganosa e a promoverem gestos fraternos e acções de misericórdia, que constituem o sentido genuíno do Natal.
É, de facto, uma celebração que merece ser regada com amor.
“É importante que todos os cristãos usem este dia com muita seriedade e serenidade, evitar os excessos, tanto ao beber como ao comer, para não transformarem o momento de festa em tragédia”.