Mercado fronteiriço reabre na Lunda-Norte
Autoridades angolanas e da República Democrática do Congo pretendem, com a reabertura do mercado, relançar o comércio transfronteiriço que havia sido interrompido em 2017, por conflitos armados e étnicos no país vizinho
Os governadores das províncias da Lunda-Norte, Ernesto Muangala e do Kuango, República Democrática do Congo (RDC), Jean Pety, orientaram a cerimónia de reabertura do mercado fronteiriço “Marco-28”, no município do Caungula, no âmbito do relançamento do comércio transfronteiriço, que havia sido interrompido por incidentes políticos e étnicos em 2017 no país vizinho.
O governador Ernesto Muangala disse, na ocasião, que, “a reabertura do mercado vai promover o comércio, turismo, circulação ordenada dos cidadãos e o fortalecimento dos laços culturais entre os dois povos”.
Ernesto Muangala garantiu a reabertura, brevemente, de todos os postos fronteiriços encerrados por causa do conflito armado e étnico ocorrido em localidades da fronteira do país vizinho. “O mercado transfronteiriço permite arrecadar receitas para os cofres do Estado e contribuir para o fortalecimento da economia angolana”, sublinhou.
O governante disse esperar que, com a reactivação do “Marco-28” a agricultura, pecuária e a pesca , que constituem o potencial da região, voltem a ganhar espaço na actividade dos habitantes locais. Lembrou que “os laços de consanguinidade e as transacções comerciais, que ligam os povos das duas províncias, possam também consolidar as relações históricas deixadas pelos ancestrais.“Seria uma forma de mostrarmos ao mundo que os africanos podem cooperam entre si,vivendo em harmonia”, frisou Ernesto Muangala.
Por seu turno, o governador da província congolesa do Kuango, Jean Marie Pety, acredita que a retomada da actividade comercial vai garantir sustentabilidade aos cidadãos que vivem ao longo da fronteira, sobretudo os da região de Cahemba, onde a população é maioritariamente Cokwe. O governante congolês disse ser importante a readinamização do sector empresarial para que haja entrosamento entre os dois povos na região. “Deste modo, podemos criar condições para a redução da pobreza”, admitiu.
Na óptica de Jean Marie Pety é imperioso o reforço do controlo das fronteiras, através de reconstrução dos marcos fronteiriços e patrulhamento das forças policiais dos dois países. “Temos de velar pela construção de infra- estruturas sanitárias para que a população dos dois lados tenham assistência médica e medicamentosa sem sobressaltos”, disse.
O governador congolês quer o reforço da cooperação nas áreas dos transportes e telecomunicação, com vista a reabilitação de estradas e dinamização do sector agropecuário dos dois lados, sustentando que o seu país tem muito para oferecer a Angola, concretamente gado caprino e bovino, e produtos agrícolas. A província do Kuango, de acordo com o Jean Marie, partilha a extensa fronteira de 1.200 quilómetros com os territórios angolanos da Lunda- Norte, Malanje e Uíge.
AGT Espera arrecadar mais receitas
O representante da Autoridade Geral Tributária (AGT), da Sétima Região Tributária, na Lunda-Norte, Camilo Saviti, disse que a instuição que representa espera arrecadar mais receitas fiscais com a reactivação do aludido mercado.
Dos 22 postos fronteiriços existentes na província da Lunda-Norte, somente sete têm serviços aduaneiros, pelo que as autoriddes prometem inverter o quadro.