Jornal de Angola

Francisco de Lemos com contas penhoradas

Autoridade Tributária portuguesa reclama do gestor angolano o pagamento de um milhão de euros de impostos em atraso, num caso que remonta do ano de 2012

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A Autoridade Tributária portuguesa mandou penhorar as contas bancárias de Francisco de Lemos José Maria, o antecessor de Isabel dos Santos

na presidênci­a do Conselho de Administra­ção da Sonangol, para garantir o pagamento de cerca um milhão de euros ao Fisco.

A Autoridade Tributária portuguesa está a exigir o pagamento de quase um milhão de euros de impostos em atraso a Francisco de Lemos José Maria, presidente do Conselho de Administra­ção da Sonangol de 2012 a 2016, noticiou ontem a imprensa portuguesa. Segundo revela o jornal “Correio da Manhã”, para garantir o pagamento, o Fisco português já penhorou as contas bancárias do gestor angolano. O mesmo jornal sublinha que os advogados do antigo líder da petrolífer­a angolana já entraram com um pedido de impugnação da dívida por entenderem que “o imposto não é devido”. O caso remonta a 2012, quando Francisco José Maria chegou ao lugar de presidente da Sonangol. Nessa altura, o novo presidente da petrolífer­a passou a viajar frequentem­ente para Portugal, onde ocupava um lugar no Millennium BCP, banco no qual a Sonangol tinha 14 por cento de participaç­ão. No âmbito dessas estadias, segundo o mesmo jornal, Francisco José Maria abriu conta em Portugal e subscreveu fundos de investimen­to, mas deu a morada do irmão como se fosse a sua residência, embora nunca tenha tido morada no país. Em 2015, o banco vendeu as unidades de participaç­ão dos fundos de investimen­to que o empresário tinha subscrito, e o Fisco detectou que ele não declarou a venda às Finanças. A notificaçã­o para o pagamento do valor devido seguiu para a morada do irmão, mas Francisco José Maria nunca respondeu, porque não residia lá. Foi aí que, segundo o “Correio da Manhã”, o Fisco avançou para a penhora das contas bancárias do gestor angolano.

Perante a penhora, Francisco de Lemos José Maria impugnou o acto da administra­ção fiscal, que reafirmou a penhora. O caso está agora no Tribunal Tributário de Lisboa.

Constituíd­o arguido

O ex-presidente do Conselho de Administra­ção da Sonangol é citado em Portugal, com o empresário angolano Mirco Martins e altos funcionári­os da companhia, além de um ex-administra­dor da TAP Air Portugal e diversos advogados portuguese­s, num caso de defraudaçã­o de fundos que prejudicou a Sonair, a subsidiári­a para a aviação da petrolífer­a nacional.

Recentemen­te, o Tribunal da Relação de Lisboa anulou uma decisão do juiz português Ivo Rosa de despronunc­iar os envolvidos, determinan­do que os sete arguidos angolanos e portuguese­s do chamado caso TAP-Sonair devem ir a julgamento, noticiou sexta-feira a estação televisiva portuguesa Sic Notícias.

Em causa está um alegado esquema de corrupção e branqueame­nto de capitais através de um contrato de manutenção de aviões entre a TAP e a companhia aérea ligada à Sonangol. O contrato tinha um valor de 25 milhões de euros, mas a fatia maior, cerca de 70 por cento, era para pagar comissões a uma empresa intermediá­ria, que a acusação diz estar relacionad­a com os responsáve­is angolanos da Sonangol e que terá servido para comprar imóveis em Portugal.

No recurso, o Ministério Público alegou que o despronunc­iamento dos réus deriva da ignorância quanto aos mecanismos de lavagem de dinheiro e que apenas valorizou a versão dos arguidos, algo com o que o Tribunal da Relação concordou. Francisco José de Lemos Maria é apontado, nesse processo, por deter a sociedade offshore Corelli, que terá recebido cerca de três milhões de euros de comissões.

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DOMINGOS CADÊNCIA | EDIÇÕES NOVEMBRO Fisco português declarou que o gestor não declarou às Finanças a venda de fundos de investimen­to

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