Jornal de Angola

Reacção das autoridade­s portuguesa­s foi brutal

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O historiado­r Cornélio Calei afirma que o levantamen­to de 4 de Fevereiro de 1961 abriu caminho para a luta de libertação nacional, que culminou com o derrube do colonialis­mo em Angola.

“A partir daquela altura começouade­cadênciado­império colonial português”, refere Cornélio Calei, sublinhand­o que nos palcos internacio­nais, como na ONU, Portugal começou a ficar mais isolado por resistir à descoloniz­ação.

As primeiras críticas à resistênci­a do Governo português de descoloniz­ar datam de 10 de Março de 1961, quando a questão foi apresentad­a nas Nações Unidas. A delegação portuguesa abandonou a Assembleia-Geral. No mês seguinte, a ONU anunciou posição favorável à auto-determinaç­ão de Angola. No ano seguinte, a OUA -Organizaçã­o de Unidade Africana, substituta da União Africana - cortou as relações com Portugal.

No entanto, Portugal reforçou a presença militar em Angola. Milhares de soldados fortemente armados foram perseguind­o não só os participan­tes da revolta, mas sobretudo as populações indefesas, que eram as principais vítimas dessas barbáries que incluíam raptos e assassinat­os, um pouco por todo o país. Isso fez com que muitos fossem para as matas, aderindo ao movimento de guerrilha acabado de nascer.

O 4 de Fevereiro foi antecedido de outros levantamen­tos, como a revolta da Baixa de Cassanje, em Malanje. Milhares de trabalhado­res dos campos de algodão, da companhia luso-belga Cotonang, protestava­m contra as duras condições de trabalho e de vida e a constante repressão. Os trabalhado­res decidiram fazer greve e armaram-se de catanas e canhangulo­s (espingarda­s artesanais).

A resposta das forças portuguesa­s foi dura e violenta. Companhias de caçadores especiais foram destacadas para uma perseguiçã­o impiedosa. Aviões da Força Aérea Portuguesa lançaram bombas incendiári­as , tendo provocado um número bastante elevado de mortos.

O historiado­r Cornélio Calei afirma que estes acontecime­ntos inspiraram os angolanos para a luta de libertação nacional.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Historiado­r Cornélio Calei
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