4 de Fevereiro provocou uma viragem radical
Celebra-se hoje o 59º aniversário do início da Luta Armada em Angola. O ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos de Pátria afirma que a data marcou uma viragem radical na situação política e social da época em Angola
O que é que o senhor ministro lembra da acção do 4 de Fevereiro?
O 4 de Fevereiro de 1961 é uma data que marcou uma viragem na situação política e social de Angola e criou condições que permitiram aos angolanos lutarem com todos os meios disponíveis, na época, contra o regime colonial português, que dominava o país há cerca de 500 anos.
Um grupo de cidadãos nacionais decidiu libertar os compatriotas que se encontravam presos. Portanto, essa data trouxe para os angolanos uma oportunidade para se libertarem de uma vez por todas do jugo colonial.
Essa operação custou muito caro àquele grupo de cidadãos que pegou em catanas, armas de repetição e outros instrumentos para atacarem as cadeias em Luanda, onde se encontravam encarcerados vários patriotas e nacionalistas angolanos. São memórias que devem ser revividas para que continuemos a trabalhar e a transmitir às novas gerações a importância do 4 de Fevereiro de 1961.
Que idade tinha na época e que memórias guarda?
Estava a fazer 9 ou 10 anos. Não sou natural do norte, mas do leste de Angola. Na época, devido à situação no Congo Leopoldville (hoje RDC), todo avião que sobrevoava o espaço aéreo diziase que transportava Patrice Lumumba.
O importante é que os angolanos estiveram unidos, pensavam lutar para alcançar a Independência, o que ajudou muito os compatriotas, porque sem unidade não se pode fazer nada. A unidade faz-se com actos concretos e não apenas com palavras.
Valeu a pena o sacrifício consentido, a entrega total de muitos angolanos.
Cinquenta e nove anos depois, acha que o 4 de Fevereiro e os protagonistas desta epopeia têm sido honrados como devia ser?
O Executivo tem sabido honrar a memória dos heróis do 4 de Fevereiro, apesar das dificuldades que o país atravessa. O Governo, dentro do seu programa de desenvolvimento e naquilo que é a sua responsabilidade, tem feito o possível para prestigiar esse marco. Podem existir alguns problemas de ordem conjuntural, mas aquilo que está ao alcance do Executivo tem sido feito. Há um programa gizado todos os anos pelo Executivo, no âmbito das comemorações da data, que inclui palestras e inaugurações de importantes infra-estruturas económicas e sociais. Ouvimos muitas críticas de alguns integrantes do Comité 4 de Fevereiro, alegando que o Governo os abandonou, que o Executivo não tem prestado atenção aos sobreviventes do 4 de Fevereiro, nem presta apoio social. Há informações que descartam, inclusive, a possibilidade de não participarem nas actividades que culminarão com o acto central do 4 de Fevereiro, na província de Benguela.
Como é que o senhor avalia esta atitude?
categoria dos Antigos Combatentes e daqueles que lutaram pela Independência Nacional. Portanto, todos eles são pensionistas e estão inseridos na Caixa de Segurança Social das FAA. Recebem pensão de reforma e ainda estão recenseados no Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, onde beneficiam igualmente da pensão de mérito.
A todos os que lutaram pela Independência Nacional, o Governo tem feito aquilo que é da sua responsabilidade. Não estamos em condições de dar tudo o que esses combatentes pela liberdade merecem, mas é preciso que todos compreendamos a situação que o país atravessa e, aos poucos, vamos melhorando a condição social de todos os angolanos.
O black out que os integrantes do Comité 4 de Fevereiro impuseram afecta de alguma forma as actividades?
Devo dizer que no dia 4 de Fevereiro estaremos na Fortaleza para assistirmos ao içar da Bandeira Monumento e render homenagem aos comandantes Paiva Domingos da Silva e Imperial Santana, no cemitério Alto das Cruzes. No município do Cazenga vamos prestar tributo a todos os que tombaram no dia 4 de Fevereiro de 1961.
Vamos realizar as nossas actividades com as pessoas que aparecerem, quer na Fortaleza, quer no cemitério, no túmulo do soldado desconhecido ou no Marco Histórico 4 de Fevereiro. É normal que os cidadãos possam apresentar as suas preocupações, reivindicações a quem de direito. A nós, Ministério dos Antigos Combatentes, não nos foi comunicada esta posição dos integrantes do Comité 4 de Fevereiro, ouvimos através dos órgãos de comunicação social.
Qual é a situação real dos antigos combatentes?
O Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, em colaboração com os Ministérios das
Os integrantes do Comité 4 de Fevereiro fazem parte da categoria dos Antigos Combatentes e daqueles que lutaram pela Independência Nacional. Portanto, todos eles são pensionistas e estão inseridos na Caixa de Segurança Social das FAA. Recebem pensão de reforma e ainda estão recenseados no Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, onde beneficiam igualmente da pensão de mérito
O importante é que os angolanos estiveram unidos, pensavam lutar para alcançar a Independência, o que ajudou muito os compatriotas, porque sem unidade não se pode fazer nada. A unidade faz-se com actos concretos e não apenas com palavras
Finanças, da Administração do Território e Reforma do Estado continuam a desenvolver acções que visam identificar, no conjunto de milhares de pensionistas ou assistidos, os verdadeiros antigos combatentes, as verdadeiras viúvas, órfãos e deficientes de guerra. Pretendemos com esta acção excluir do nosso sistema de pagamento de pensões todos os que não reúnem os requisitos exigidos, porque o antigo combatente é aquele que participou na luta pela Independência, que pertenceu a uma célula clandestina ou organização política que permitiu criar as bases para o desencadeamento da luta armada. São essas categorias e aqueles que consideramos verdadeiros guerrilheiros. Todos esses anos fomos efectuando o recenseamento das pessoas, tendo como base o requerimento que os cidadãos dirigiam ao ministro ou delegação provincial dos Antigos Combatentes. Hoje concluímos que nem todos os que recebem a pensão reúnem os requisitos previstos na Lei.