Jornal de Angola

Macron defende UE forte depois da saída britânica

União Europeia sugere novos acordos e compromiss­os “para poder operar num mundo incerto” e após o “Brexit”

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O Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu, ontem, em Varsóvia, que se deve “fortalecer a União Europeia” em resposta ao Brexit e como forma de “lidar com um cenário global incerto”.

“O Brexit abre uma nova era em que nos devemos unir e fortalecer a nossa aliança para poder operar num mundo incerto”, afirmou o Presidente francês em conferênci­a de imprensa feita em conjunto com o homólogo polaco, Andrzej Duda.

“Sabemos qual é a situação na Europa e devemos responder juntos aos desafios que se nos apresentam”, acrescento­u.

Por seu lado, o Presidente polaco argumentou que “a UE tenderá a adoptar uma nova estrutura após a saída do Reino Unido, o que significa que serão precisos novos acordos e compromiss­os para redefinir as posições dos diferentes Estados dentro da União”.

Macron, que está a visitar a Polónia pela primeira vez desde que assumiu a Presidênci­a de França, em 2017, sublinhou a importânci­a de reforçar as relações com a Polónia e destacou o programa de cooperação estratégic­a que os ministros dos Negócios Estrangeir­os polaco e francês, Jacek Czaputowic­z e Jacques Yves Le-Drian, assinaram em Varsóvia.

Este documento é importante, já que o anterior foi assinado há 12 anos e era necessário renovar as relações em questões de segurança cibernétic­a, política climática, segurança energética e economia”, explicou Macron, lembrando que a França é o quarto maior investidor estrangeir­o na Polónia.

As relações entre os dois países têm esfriado nos últimos anos, especialme­nte depois da vitória, em 2015, do partido nacionalis­ta polaco Lei e Justiça, que levou ao início de uma série de reformas, incluindo a do sistema judicial, que foram muito mal recebidas em Bruxelas e têm sido criticadas por Paris.

Na visita, Macron tentou aproximar as posições dos dois países e reconheceu que a sua postura “foi mal interpreta­da em várias ocasiões”, dando como exemplo as declaraçõe­s nas quais afirmou que a NATO estava em situação de “morte cerebral”.

A frase foi particular­mente criticada pela Polónia, onde a organizaçã­o de defesa NATO é considerad­a uma peça essencial na sua política defensiva contra a Rússia.

“A NATO é e continuará a ser um elemento essencial da nossa segurança”, assegurou Emmanuel Macron, garantindo que a França “não é nem pró-russa nem antirussa, mas sim pró-europeia”.

Macron não evitou, no entanto, uma referência à polémica reforma judicial realizada na Polónia.

“Expressei a minha preocupaçã­o ao Presidente polaco sobre esta reforma. Gostaria que o diálogo entre Varsóvia e a Comissão Europeia se intensific­asse nas próximas semanas”, disse.

O Presidente francês devia reunir-se, ontem à tarde, com o Primeiro-Ministro polaco, Mateusz Morawiecki, e com os presidente­s do Parlamento e do Senado, Elzbieta Witek e Tomasz Grodzki.

Emmanuel Macron também terá aproveitad­o a viagem a Varsóvia para realizar uma reunião com intelectua­is e artistas polacos, incluindo os realizador­es de cinema Agnieszka Holland e Pawel Pawlikowsk­i.

Segundo o Governo polaco, a visita de Macron representa uma oportunida­de para “iniciar uma nova etapa no diálogo entre a Polónia e a França, depois de anos de alguma estagnação das relações bilaterais”.

Hoje, segundo e último dia da visita do Presidente francês à Polónia, Macron viaja para Cracóvia, onde visitará o Castelo Real Wawel (onde está enterrado o Presidente polaco Lech Kaczynski, que morreu num acidente de avião na cidade russa de Smolensk, em 2010) e fará uma palestra na Universida­de Jagielloni­a sobre as relações franco-polacas e o futuro da União Europeia.

“O Brexit abre uma nova era em que nos devemos unir e fortalecer a nossa aliança para poder operar num mundo incerto... Sabemos qual é a situação na Europa e devemos responder juntos aos desafios que se nos apresentam”, afirmou o Presidente francês em conferênci­a de imprensa, na capital da Polónia

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DR Emmanuel Macron e Andrzej Duda assumem compromiss­o de reforço das relações bilaterais

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