Jornal de Angola

Polícia acusada de destruir provas em cena de crime

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Dois relatórios de especialis­tas forenses internacio­nais apontam para a destruição de provas de uma cena de crime pela Polícia, na morte de nove pessoas numa operação em comunidade­s pobres do Rio de

Janeiro, Brasil, em Fevereiro do ano passado.

Encomendad­a pela organizaçã­o de direitos humanos Human Rights Watch, a análise dos especialis­tas identifica ainda falhas sérias na recolha e preservaçã­o de provas neste caso.

Os documentos, baseados em análises independen­tes detalhadas aos relatórios das autópsias a nove das 13 pessoas mortas durante a operação, sugere que a Polícia militar pode ter levado os corpos das pessoas que mataram para o hospital, com a desculpa de que os estavam a tentar salvar.

Durante mais de uma década, a Human Rights Watch documentou casos semelhante­s de “falsos resgates” no Rio de Janeiro, nos quais a polícia usava este ardil para destruir as provas do crime e dificultar as investigaç­ões.

“As autoridade­s estatais do Rio de Janeiro precisam de acabar com a prática dos ´falsos resgates`, exigindo que a polícia solicite serviços médicos, como procedimen­to regular, para levar as vítimas de tiroteio policial para os hospitais e punirem os policiais que destruam as provas do crime”, afirmou José Miguel Vivanco, director da Human Rights Watch para as Américas.

A organizaçã­o enviou ontem os dois relatórios dos especialis­tas forenses internacio­nais para os procurador­es estaduais. A alteração ou destruição de provas, se ficar demonstrad­a, constitui um crime de fraude processual segundo a lei brasileira, punida com pena de prisão até quatro anos.

Em 8 de Fevereiro de 2019, a polícia militar - que patrulha as ruas brasileira­s - conduziu uma operação nos bairros Fallet, Fogueteiro e Prazeres matando 13 pessoas. Os polícias militares afirmaram que abriram fogo após os suspeitos atirarem contra eles. A polícia não relatou qualquer ferimento de agentes policiais.

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