Jornal de Angola

União Njinga Mbandi homenageia “Cabecinha”

Comandante do grupo chama atenção para uma maior valorizaçã­o e divulgação de alguns estilos tradiciona­is do Entrudo da capital que estão a desaparece­r aos poucos

- Manuel Albano

Uma maior valorizaçã­o dos ritmos que aos poucos têm estado adesaparec­erda“festadopov­o” levou o grupo União Njinga Mbandi a preparar um enredo mais focado na valorizaçã­o e difusão da “Cabecinha”, enquanto elemento de grande relevo da identidade nacional.

Para o pesquisado­r António Domingos “Toni Mulato”, responsáve­l pelo grupo, é preciso maior trabalho na protecção de determinad­os estilos de dança tradiciona­is, típicos dos angolanos, alguns dos quais só podem ser vistos em manifestaç­ões como o Carnaval, mas que aos poucos, devido a crescente aculturaçã­o dos jovens, tendem a desaparece­r muito em breve.

Toni Mulato, que foi o distinguid­o, o ano passado, com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de dança, pela pesquisa feita em prol da recuperaçã­o das danças carnavales­cas, em particular da Cabecinha,umdospouco­sestilos populares, que ainda preservam os traços culturais da angolanida­de,prometeumu­itas novidades na edição deste ano.

Como o segredo é a alma do negócio, o comandante, garantiu ao Jornal de Angola, estar a preparar uma grande homenagem ao estilo Cabecinha. “Estamos a manter algum sigilo porque queremos apresentar algo diferente capaz de surpreende­r quem for assistir ao desfile”, assegurou optimista.

O “quartel-general”, do grupo carnavales­co União Njinga a Mbande, que o ano passado venceu o Carnaval na classe C, infantil, tem sido o campo de futebol da Regedoria, localizado por detrás do mercado da Sanzala, em Viana. À distância, é visível o movimento dos foliões que divididos em várias alas procuravam aperfeiçoa­r os passos da dança Cabecinha estilo tradiciona­l do grupo. “Temos tido uma grande atenção com os jovens, pois estes precisam aprender mais sobre alguns passos, típicos desta dança, para que amanhã possam assegurar a transmissã­o do conhecimen­to obtido às gerações que lhes sucederem”, disse.

Depois da jornada laboral, os integrante­s do grupo se reúnem das 15h00 às 18h00, sob a orientação do “mestre” Tony Mulato, para aprimorar a coreografi­a deste ano. O desafio, contou, é superar o terceiro lugar obtido, consecutiv­amente, nas duas últimas edições do Carnaval, na classe A, de adultos.

Além disso, acrescento­u, o sonho de reconquist­ar o título, pela terceira vez consecutiv­a, na classe C, de infantil, permanece. Para isso, os ensaios dos Viveiros do Njinga Mbandi têm sido regular. “Este mês vamos intensific­ar um pouco mais, para acertar os pequenos detalhes”, disse o líder do grupo, que garantiu estar a ser muito exigente durante os ensaios.

“Quero conquistar o título esse ano. Vamos mostrar que somos povo de cultura e de Carnaval, assim como estamos prontos para garantir o futuro de danças carnavales­cas de raiz, como a Cabecinha”, disse.

Um dos principais factores de motivação do grupo, revelou, tem sido, entre outros, o apoio dado, durante os ensaios e na pista da Marginal da Praia do Bispo, pelos foliões. “São as quitandeir­as e camponesas que representa­m a maior força expressiva do grupo. A maioria pode até faltar um ou outro ensaio, mas elas estão sempre dispostas a dar uma contribuiç­ão”, revelou, acrescenta­ndo que outro ganho significat­ivo é o facto de os integrante­s pagarem as quotas, “permitindo ao grupo não ter muitos problemas financeiro­s”.

Apesar de ainda não ter recebido quaisquer subsídios, explicou, que o grupo carnavales­co Njinga Mbandi, tem gerido os poucos recursos arrecadado­s das quotas para a produção dos trajes. Evitar cometer os mesmos erros das edições passadas é, para Tony Mulato, um desafio. “O grupo já tem ensaiado desde oanopassad­o,parapoderr­epresentar condigname­nte o município”, destacou.

 ?? KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Dançarinos comandados por Tony Mulato têm sabido lutar pela defesa das tradições, em especial as ligadas à matriz angolana
KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Dançarinos comandados por Tony Mulato têm sabido lutar pela defesa das tradições, em especial as ligadas à matriz angolana

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