União Njinga Mbandi homenageia “Cabecinha”
Comandante do grupo chama atenção para uma maior valorização e divulgação de alguns estilos tradicionais do Entrudo da capital que estão a desaparecer aos poucos
Uma maior valorização dos ritmos que aos poucos têm estado adesaparecerda“festadopovo” levou o grupo União Njinga Mbandi a preparar um enredo mais focado na valorização e difusão da “Cabecinha”, enquanto elemento de grande relevo da identidade nacional.
Para o pesquisador António Domingos “Toni Mulato”, responsável pelo grupo, é preciso maior trabalho na protecção de determinados estilos de dança tradicionais, típicos dos angolanos, alguns dos quais só podem ser vistos em manifestações como o Carnaval, mas que aos poucos, devido a crescente aculturação dos jovens, tendem a desaparecer muito em breve.
Toni Mulato, que foi o distinguido, o ano passado, com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de dança, pela pesquisa feita em prol da recuperação das danças carnavalescas, em particular da Cabecinha,umdospoucosestilos populares, que ainda preservam os traços culturais da angolanidade,prometeumuitas novidades na edição deste ano.
Como o segredo é a alma do negócio, o comandante, garantiu ao Jornal de Angola, estar a preparar uma grande homenagem ao estilo Cabecinha. “Estamos a manter algum sigilo porque queremos apresentar algo diferente capaz de surpreender quem for assistir ao desfile”, assegurou optimista.
O “quartel-general”, do grupo carnavalesco União Njinga a Mbande, que o ano passado venceu o Carnaval na classe C, infantil, tem sido o campo de futebol da Regedoria, localizado por detrás do mercado da Sanzala, em Viana. À distância, é visível o movimento dos foliões que divididos em várias alas procuravam aperfeiçoar os passos da dança Cabecinha estilo tradicional do grupo. “Temos tido uma grande atenção com os jovens, pois estes precisam aprender mais sobre alguns passos, típicos desta dança, para que amanhã possam assegurar a transmissão do conhecimento obtido às gerações que lhes sucederem”, disse.
Depois da jornada laboral, os integrantes do grupo se reúnem das 15h00 às 18h00, sob a orientação do “mestre” Tony Mulato, para aprimorar a coreografia deste ano. O desafio, contou, é superar o terceiro lugar obtido, consecutivamente, nas duas últimas edições do Carnaval, na classe A, de adultos.
Além disso, acrescentou, o sonho de reconquistar o título, pela terceira vez consecutiva, na classe C, de infantil, permanece. Para isso, os ensaios dos Viveiros do Njinga Mbandi têm sido regular. “Este mês vamos intensificar um pouco mais, para acertar os pequenos detalhes”, disse o líder do grupo, que garantiu estar a ser muito exigente durante os ensaios.
“Quero conquistar o título esse ano. Vamos mostrar que somos povo de cultura e de Carnaval, assim como estamos prontos para garantir o futuro de danças carnavalescas de raiz, como a Cabecinha”, disse.
Um dos principais factores de motivação do grupo, revelou, tem sido, entre outros, o apoio dado, durante os ensaios e na pista da Marginal da Praia do Bispo, pelos foliões. “São as quitandeiras e camponesas que representam a maior força expressiva do grupo. A maioria pode até faltar um ou outro ensaio, mas elas estão sempre dispostas a dar uma contribuição”, revelou, acrescentando que outro ganho significativo é o facto de os integrantes pagarem as quotas, “permitindo ao grupo não ter muitos problemas financeiros”.
Apesar de ainda não ter recebido quaisquer subsídios, explicou, que o grupo carnavalesco Njinga Mbandi, tem gerido os poucos recursos arrecadados das quotas para a produção dos trajes. Evitar cometer os mesmos erros das edições passadas é, para Tony Mulato, um desafio. “O grupo já tem ensaiado desde oanopassado,parapoderrepresentar condignamente o município”, destacou.