Trump faz críticas à governação de Obama
No discurso sobre o Estado da União, o Presidente dos EUA enalteceu o que fez nos últimos anos e teceu várias críticas à administração de Barack Obama. No final, Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, rasgou a cópia do discurso do Presidente, um "manifesto de falsidade", considerou a democrata que Trump recusou cumprimentar
O Presidente dos Estados Unidos afirmou, no seu terceiro discurso sobre o Estado da União e último do primeiro mandato, que “anos de decadência económica terminaram”.
“Os anos de decadência económica terminaram. Os dias daqueles que usavam o nosso país, aproveitavam-se dele, estando até desacreditado junto de outras nações, ficaram para trás”, declarou Donald Trump, na terça-feira à noite (madrugada de ontem em Angola), num discurso recheado de críticas à administração de Barack Obama (2009-2017), que não mencionou, e que deixou entusiasmados republicanos, mas não democratas.
Mal Trump acabou de falar sobre o Estado da União, a presidente da Câmara dos Representantes rasgou a cópia do discurso do presidente. Um “manifesto de inverdades”, escreveu Nancy Pelosi no Twitter.
À saída do Congresso, onde decorreu a sessão, Pelosi disse a um jornalista que aquele era o gesto “mais cortês, em relação às alternativas”.
A Casa Branca já lamentou que Pelosi tenha simbolicamente “rasgado” um veterano da Segunda Guerra Mundial, um bebé prematuro nascido às 21 semanas de gravidez, ou ainda a família de Kayla Mueller, morta pelos fundamentalistas do grupo extremista Estado Islâmico na Síria e outros convidados que se encontravam no Congresso e que Trump citou no discurso do Estado da Nação.
A tensão entre a líder dos democratas na Câmara dos Representantes - terceira figura do Estado americano, depois do Presidente e vicepresidente - e Donald Trump era evidente desde o início, quando Pelosi estendeu a mão para cumprimentar o chefe de Estado, mas este não correspondeu ao gesto.
Para Trump, se “as políticas económicas falidas do Governo anterior” não tivessem sido revertidas, “o mundo agora não estava a ver esse grande êxito económico”, com a criação de emprego, descida de impostos e de luta “por acordos comerciais justos e recíprocos”.
“A nossa agenda é implacavelmente pró-trabalhadores, pró-família, pró-crescimento e, sobretudo, pró-Estados Unidos”, sublinhou o chefe de Estado norte-americano, acrescentando ter dado início, há três anos, “ao grande regresso” do país.
“Ao contrário de muitos outros antes de mim, eu cumpro as minhas promessas. "Inacreditavelmente, a taxa média de desemprego durante o meu Governo é menor do que durante qualquer outra administração na história do nosso país”, afirmou Trump.
Sobre o comércio, um dos pilares da administração Trump, o Presidente dos Estados Unidos afirmou ter prometido aos cidadãos norte-americanos que ia impor “taxas alfandegárias à China para resolver o roubo maciço de empregos”, proclamando: “A nossa estratégia funcionou”. Depois de quase 18 meses de “guerra” comercial, Trump assinou, em Dezembro, uma trégua parcial com Pequim.
O Presidente norte-americano falou ainda da substituição do Acordo de Livre Comércio da América do
Norte (NAFTA, na sigla em inglês), assinado com o México e o Canadá durante a presidência de Bill Clinton, pelo renegociado T-MEC.
“Muitos políticos vieram e foram com a promessa de mudar ou substituir o NAFTA, mas no fim não fizeram absolutamente nada. Ao contrário de muitos outros antes de mim, eu cumpro as minhas promessas”, destacou.
Muro com o México
No seu discurso, Trump anunciou que, no início do próximo ano, o muro na fronteira com o México terá mais de 800 quilómetros construídos. Já foram concluídos mais de 165 quilómetros de muro e “haverá mais” 805 quilómetros construídos “no início do próximo ano”, declarou Donald Trump sobre o projecto de combate à entrada de imigrantes ilegais pela fronteira Sul dos Estados Unidos.
Por outro lado, o chefe de Estado norte-americano disse apoiar “as esperanças” de cubanos, nicaraguenses e venezuelanos "para restaurar a democracia" nos seus países.
“À medida que restauramos a liderança dos Estados Unidos no mundo, continuamos a apoiar a liberdade no nosso hemisfério. É por isso que o meu Governo revogou as políticas falidas da administração anterior sobre Cuba. Estamos a apoiar as esperanças de cubanos, nicaraguenses e venezuelanos para restaurar a democracia”, sublinhou.
No mesmo discurso, Trump aproveitou para prestar homenagem ao líder opositor da Venezuela Juan Guaidó, presente no Capitólio, prometendo “esmagar a tirania” do regime de Nicolás Maduro.
“Maduro é um dirigente ilegítimo, um tirano que trata o seu povo com brutalidade. Mas o seu mandato de tirania será esmagado e destruído”, declarou.
“Connosco na galeria está o presidente legítimo da Venezuela Juan Guaidó. Todos os norte-americanos estão unidos com o povo venezuelano na justa luta pela liberdade”, declarou.