Pessoal Navegante de Cabine desconvoca greve
Decisão surge depois de reunião de emergência em que a gestão da companhia anuiu em satisfazer as principais inquietações dos funcionários para manter a empresa a operar
Os tripulantes de cabine das Linhas Aéreas de Angola (TAAG) concordaram em conceder uma moratória de seis meses para que a direcção da empresa solucione as questões que estiveram na base do anúncio de uma greve que estava prevista para ontem às 00h00, desconvocada devido às garantias satisfatórias obtidas da gestão da companhia.
Entre as questões estruturantes do caderno reivindicativo apresentado pelo Sindicato Provincial do Pessoal Navegante de Cabine (Sinpropnc) em Agosto de 2019, destaca-se a exigência da actualização dos valores referentes às horas de voo e a sua indexação ao dólar, manutenção do regime de disponibilidade, tradução dos manuais, humanização das escalas de trabalho, melhoria das condições de trabalho e regalias sociais.
As negociações, iniciadas naquele mesmo mês, altura em que pilotos e assistentes de bordo advertiram a direcção da companhia de bandeira sobre uma possível paralisação das actividades por um período de 10 dias em protesto contra a degradação das condições sociais e perda de poder de compra dos salários, resultaram em garantias do Conselho de Administração de, em breve, criar mecanismos para que o diferendo seja solucionado.
Ontem, o Sindicato decidiu desconvocar a greve que deveria ter início às 00h00, emitindo um comunicado que garante que foram alcançadas “soluções de consenso que constarão num novo acordo laboral que não coloque em risco a sustentabilidade da empresa”.
O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da TAAG, Carlos Vicente, disse, em declarações ao Jornal de Angola, que a Administração da empresa representa uma das partes na negociação, tendose comprometido a fazer a sua parte, mas escusou-se a opinar sobre o processo de negociação, na medida em que o sindicato, na qualidade de promotor da greve, tem a incumbência de avançar detalhes sobre a suspensão.
O porta-voz do Sindicato Provincial do Pessoal Navegante de Cabine, Délio Albano, manifestou, citado ontem pela Lusa, optimismo quanto ao cumprimento de todos os pressupostos para a continuidade ininterrupta das actividades, ao dizer que o capítulo da indexação foi o mais difícil porque “não havia entendimento mas, no final, foi aceite. Primeiro, as horas de voo passam a ser indexadas ao dólar e, depois, actualizadas na moeda nacional (kwanzas)”.
Em relação aos manuais de cabine, escritos em língua estrangeira, segundo Délio Albano, “o patronato garantiu contratar uma empresa para os traduzir para língua portuguesa”, ao passo que, no domínio da humanização das escalas de trabalho, o porta-voz do Sinpropnc referiu “que as mesmas deverão ser reajustadas à luz dos acordos com a direcção da transportadora aérea angolana”.
Recrutamento em curso
A TAAG lançou, no início do último mês de Setembro, um concurso público para recrutar 70 assistentes de bordo, uma disputa para a qual, em Novembro, haviam-se candidatado cerca de 300 concorrentes.
O concurso público, de acordo com informações naquela altura obtidas pelo
Jornal de Angola do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa (GCII) da TAAG, visa recrutar pessoal de bordo na perspectiva da recepção dos seis aviões Dash 8-400s anunciados pela companhia em Junho.
A TAAG e a De Havilland Aircraft of Canada anunciaram, em Junho, ter concluído um contrato de fornecimento dos seis aparelhos pelo construtor canadiano, no 53º Salão Internacional de Paris, uma exposição aeronáutica na qual participou o ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu.
As informações obtidas pela nossa reportagem davam conta que os aparelhos deveriam começar a chegar a Angola em Janeiro de 2020, ao ritmo de um por mês, num programa que se estende até Junho.
O recrutamento tem em vista os parâmetros da elevada rotação do pessoal de bordo da companhia que, no primeiro semestre deste ano, eleva a frota de 13 para 19 aviões, além de estar a cobrir novas rotas, sobretudo na região da África Subsaariana.