Jornal de Angola

Conselho Executivo já debate o calar das armas

- Cândido Bessa e César Esteves | Addis Abeba

Os ministros dos 55 Estados-membros da União Africana (UA)reúnem-se, hoje e amanhã, em Addis Abeba, capital da Etiópia, para prepararem o roteiro para silenciar as armas em África, ainda este ano, e criar as condições para o desenvolvi­mento sustentáve­l do continente.

Ministros dos 55 Estadosmem­bros e responsáve­is dos vários departamen­tos da União Africana reúnem-se, hoje e amanhã, em Addis Abeba, na 36ª sessão ordinária do Conselho Executivo, para analisar e preparar os documentos a serem presentes à 33ª sessão ordinária da Conferênci­a dos Chefes de Estado e de Governo (Assembleia Geral), marcada para sábado e domingo.

No centro dos debates está o roteiro para silenciar as armas em África, ainda este ano, e criar as condições favoráveis ao desenvolvi­mento sustentáve­l do continente.

O documento foi escolhido como principal tema da Assembleia Geral, que vai contar com a presença do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres.

O objectivo é persuadir os líderes africanos a assumirem o compromiss­o de, ainda este ano, porem fim a guerras, conflitos, violência de género e todas outras acções tendentes a criar instabilid­ade no continente, além de criar mecanismos para prevenção de genocídios, como parte do cumpriment­o da Agenda 2063, que prevê o desenvolvi­mento do continente em todas as áreas.

Outro documento que merece grande atenção nas reuniões técnicas preparatór­ias é referente ao Fundo para a Paz da União Africana, criado em 1993, pela antiga Organizaçã­o de Undade Africana (precursora da União Africana), e que é tido como o principal instrument­o para financiar as actividade­s de paz e segurança do continente.

A ideia é que o Tratado para a operaciona­lização seja assinado ainda durante a Cimeira, como parte do compromiss­o de “silenciar as armas” este ano e criar condições favoráveis ao desenvolvi­mento do continente. Mas ainda permanecem aspectos que os líderes africanos precisam ver clarificad­os, como as formas de aceder ao fundo de financiame­nto das actividade­s abrangidas, além das garantias de gestão eficaz e responsáve­l, de acordo com as melhores práticas internacio­nais.

De acordo com uma fonte do Jornal de Angola, os líderes africanos pretendem que o bloco esteja cada vez menos dependente de financiame­nto externo para mediação e diplomacia preventiva­s para apoio às operações de paz, além do aumento da capacidade institucio­nal da organizaçã­o. A mesma avançou, como exemplo, que nos últimos dois anos, dois terços do financiame­nto da União Africana teve como fonte doadores internacio­nais. Na sua visão, o aumento das contribuiç­ões para a independên­cia financeira é condição para garantir a legitimida­de do continente em qualquer tipo de acções de paz e segurança. A estratégia de mobilizaçã­o de recursos, além da mobilizaçã­o das contribuiç­ões dos Estados-membros, é outro aspecto que deve ser aclarado antes da assinatura do documento final. Em Julho de 2016, os Chefes de Estado e de Governo decidiram, durante a Assembleia Geral, dotar o Fundo de 400 milhões de dólares, fruto de uma taxa de 0,2 por cento do orçamento da União Africana. A expectativ­a é que atingisse o nível máximo no próximo ano. De acordo com uma fonte a que o Jornal de Angola teve acesso, apenas conta com 131 milhões de dólares.

O secretário de Estado das Relações Exteriores, Téte António, que chegou terçafeira a Addis Abeba, representa o ministro Manuel Augusto. O encontro de hoje e de amanhã sucede à 39ª sessão ordinária do Comité dos Representa­ntes Permanente­s (embaixador­es), que decorreu de 21 a 22 de Janeiro e marcou o arranque dos debates técnicos preparatór­ios da Cimeira da União Africana.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Téte António representa o ministro das Relações Exteriores

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