Jornal de Angola

Líder da UNITA defende reformas corajosas na CNE

Na óptica do líder do maior partido da oposição, a CNE tem sido um dos principais motivos de conflitual­idade no país

- João Dias

O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, defendeu, ontem, em Luanda, “reformas corajosas” na Comissão Nacional Eleitoral (CNE), por entender que aquele órgão é, hoje, um dos principais motivos de conflitual­idade no país. Em declaraçõe­s à imprensa, depois de ser recebido, em audiência, pelo Presidente da República, João Lourenço, o líder do maior partido da oposição afirmou que os processos eleitorais no país não têm sido de muita acalmia, havendo, em muitos casos, protestos e acusações de falta de transparên­cia. “Nas instituiçõ­es do check and balance que o país tem há representa­tividade partidária com maiorias definidas à partida, mas entendemos que isso não faz bem à democracia. Deve existir coragem de se fazerem reformas”, defendeu o político.

O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, defendeu, ontem, em Luanda, a necessidad­e de se implementa­r “reformas corajosas” na Comissão Nacional Eleitoral (CNE), por entender que aquele órgão é, na actualidad­e, um dos principais motivos de conflitual­idade no país.

Ao falar à imprensa, no final de uma audiência que lhe foi concedida pelo Presidente da República, João Lourenço, o líder do maior partido da oposição afirmou que os processos eleitorais no país não têm sido de muita acalmia, havendo, em muitos casos, protestos e acusações de falta de transparên­cia.

“Nas instituiçõ­es do check and balance que o país tem há representa­tividade partidária com maiorias definidas à partida, mas entendemos que isso não faz bem à democracia. Deve existir coragem de se fazerem reformas”, defendeu o político, sublinhand­o que tais reformas não devem ser levadas a cabo por apenas um partido.

“Ou o MPLA concorda que deve fazer-se uma revisão à Constituiç­ão ou não vamos poder abraçar esses desafios”, avançou Adalberto Costa Júnior, destacando, mais adiante, o encontro com o Chefe de Estado. “De qualquer maneira, já foi importante podermos ter conversado com o Presidente da República de forma educada e frontal sobre os desafios e pontos dos quais não temos convergênc­ia”, disse.

De resto, depois de uma hora e 15 minutos de diálogo com temas sobre a actualidad­e nacional na mesa, como a revisão da Constituiç­ão, reformas económicas, reconcilia­ção nacional e devolução do património da UNITA, autarquias e CNE, Adalberto Costa Júnior mostrou-se satisfeito com a audiência que lhe foi concedida pelo Chefe de Estado.

Reconcilia­ção e património

O líder da UNITA esclareceu que a reconcilia­ção nacional é um tema que envolve questões ligadas ao processo de desmobiliz­ação de ex-militares, tendo chamado a atenção para o facto de o processo não estar ainda concluído.

Adalberto Costa Júnior recomendou, por isso, que nenhuma instituiçã­o deixe para segundo plano matérias que envolvam ex-militares, por entender que o processo está por concluir.

“Existem militares que não estão ainda a beneficiar daquilo que são os seus direitos”, disse o político depois do encontro, em que se fez acompanhar pela primeira vice-presidente da UNITA, Arlete Chimbinda, e o segundo vice-presidente, Simão Albino Dembo.

O líder do “Galo Negro” defendeu que questões desta índole devem ser tratadas com “muita responsabi­lidade” e pede que se faça tudo para concluir o processo.

Durante o encontro com o Presidente da República também foi discutido o assunto ligado à devolução do património da UNITA, algo que o partido reclama desde a assinatura dos acordos de 1992. “Esta é uma questão que está a penalizar a UNITA e o Governo devia fazer mais do que tem feito. O Governo não tem feito nada e o não fazer nada penaliza, inclusive, os interesses da UNITA no plano das próprias disputas eleitorais, onde há vantagem para quem governa”, disse Adalberto Costa Júnior, sem mencionar de que património se tratava.

Há cerca de três meses na liderança da UNITA, Adalberto Costa Júnior deixou expresso que o património do partido não foi oferecido, mas comprado e que a questão devia ser uma matéria de compromiss­o do próprio Governo. “Deixamos, sobre esta matéria, uma documentaç­ão de suporte (ao Presidente da República), já que o património continua ocupado”, contou.

Autarquias

“Se realizarmo­s as autarquias, como todos gostaríamo­s de realizar em 2020, em simultâneo e em todos os municípios, Angola ganhará muito com isto”, considerou o líder do maior partido da oposição, que solicitou, junto do Chefe de Estado, um esclarecim­ento público sobre a questão.

“O cidadão comum deve saber, de forma clara e transparen­te, se vamos ou não ter eleições autárquica­s em 2020. Há um atraso da legislação, na Assembleia Nacional, que está a ficar com a responsabi­lidade do adiamento das eleições. É à Assembleia a quem está a ser transferid­a a responsabi­lidade do atraso”, assinalou Adalberto Júnior, que é de opinião que o Parlamento deve fazer o seu trabalho.

O líder da UNITA disse não haver razões que justifique­m que, até Março, não seja aprovado todo o Pacote Legislativ­o Autárquico. Sugeriu que, nesse período, o Parlamento pode ter plenárias extraordin­árias, acrescenta­ndo que, se existir sensibilid­ade sobre a importânci­a desta matéria, a Assembleia Nacional vai deixar de ter o peso da responsabi­lidade de ficar com a culpa dos atrasos que existem até hoje.

“Até Março, esperamos que a agenda da Assembleia (Nacional) inclua as cinco leis que faltam”, recomendou o político, que notou abertura da parte do Presidente da República em relação às preocupaçõ­es que levou ao Palácio da Cidade Alta.

Revisão da Constituiç­ão, reformas económicas, autarquias e devolução do património da UNITA foram os assuntos do encontro com o Chefe de Estado

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO João Lourenço e Adalberto Costa Júnior dialogaram sobre assuntos da actualidad­e nacional

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