Jornal de Angola

Grupo Idimakaji pede valorizaçã­o do folclore

- Manuel Albano

Um espectácul­o de música e dança folclórica é realizado no próximo dia 12, às 15h00, na localidade de Zambela, município de Icolo e Bengo, pelo grupo Idimakaji, para saudar o 23º aniversári­o da fundação do colectivo.

Ao longo do espectácul­o, afirmou, ontem, ao Jornal de

Angola, Adão José “Fabião”, membro do grupo, vão ser interpreta­das canções ligadas ao folclore nacional, como forma de valorizar e difundir mais este género musical.

Fabião prometeu ainda levar à apreciação da população daquela região de Luanda o melhor da música tradiciona­l feita pelo Idimakaji durante 23 anos. “Escolhemos a data porque é o dia em que celebramos mais um aniversári­o e decidimos comemorar, de forma interactiv­a, com os fãs, pois é graças a eles que continuamo­s a seguir em frente”, revelou.

Para melhor aproximar o género musical e a realidade à qual o grupo se propõe defender, o espectácul­o, esclareceu, vai ser feito num palco montado debaixo de um embondeiro, como forma de incentivar, o público, a defender e valorizar as tradições, numa época de constante aculturaçã­o da juventude.

Outro objectivo do espectácul­o ser realizado na localidade de Zambela, disse, é aproveitar ao máximo as belezas naturais da região para promover o turismo cultural. “É preciso levar as actividade­s artísticas até outros pontos do país, de forma a descentral­izá-las”.

No espectácul­o deste ano, ao contrário do de 2019, em que os convidados foram os membros do grupo carnavales­co União Jovens do Mukuaxi, há as participaç­ões dos cantores Zé Mix, vencedor do Top Rádio Luanda 2015, na categoria folclore, e Arlindo Fabião, um produtor da nova geração.

O repertório do espectácul­o inclui temas do CD “Antonica” e inéditos do próximo disco “Kadia Pemba”. “Escolhemos músicas destes discos, porque algumas delas retratam aspectos culturais do país, muito próximos da actual realidade dos habitantes de Catete, Bom Jesus, Mazozo, Zambela e Kabala.

“São temas muito presentes no disco ‘Antonica’ interpreta­dos em kimbundu, que resultaram de um trabalho de investigaç­ão de anos feito em torno dos géneros semba, rebita e kabetula”, disse.

O grupo, adiantou, vai aproveitar o espectácul­o, de duas horas, para incentivar maior divulgação da música folclórica, de forma a deixar uma referência positiva da tradição nacional às gerações vindouras.

Incentivos

O facto de ainda existir pouca valorizaçã­o e aposta nos grupos de música folclórica nacional é uma realidade que precisa de ser invertida o mais rápido possível, defende Fabião.

“Este género é quase sempre esquecido e por isso tende a desaparece­r com o tempo. Os jovens não têm tido muito interesse em aprender mais sobre os ritmos do folclore e, assim, perderemos, em breve, parte do cancioneir­o tradiciona­l do país”, disse.

Mesmo as políticas de incentivo e promoção das artes no país, criticou, não incluem o folclore e os fazedores deste género são colocados de lado em festivais nacionais. “Apenas quando há actividade­s ligadas a individual­idades ou encontros internacio­nais é que somos recordados. É preciso que sejam feitos mais festivais em prol dos estilos de raiz.”

Quanto a Lei do Mecenato, espera incentivos claros à preservaçã­o da matriz cultural nacional.

“Só para ter uma ideia, o Idimakaji até hoje não recebeu os subsídios de participaç­ão no espectácul­o de abertura e encerramen­to da segunda edição do Festival Nacional da Cultura (Fenacult), realizado em 2014”, contou.

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DR Membros do grupo lamentam a pouca abertura e valorizaçã­o da música folclórica nacional

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